Um novo livro em língua inglesa sobre o 25 de Abril, intitulado 'The Carnation Revolution', pretende contar de forma simples e completa a história da Revolução dos Cravos em Portugal em 1974, afirmou o autor, Alex Fernandes.
<p> <audio class="audio-for-speech" src=""> </audio> </p> <div class="translate-tooltip-mtz translator-hidden"> <div class="header"> <div class="header-controls">Translator</div> <div class="header-controls"> </div> <div class="header-controls"> </div> </div> <div class="translated-text"> <div class="words"> </div> <div class="sentences"> </div> </div> </div> <p>'The Carnation Revolution' ('A Revolução dos Cravos') surgiu do desejo de combater o desconhecimento que encontra frequentemente sobre as circunstâncias da queda da ditadura salazarista em 1974, há 50 anos, sobretudo no Reino Unido, onde vive e trabalha.</p> <p> </p> <p>"Há vários livros em inglês sobre o 25 de Abril, académicos ou traduzidos de português, mas parecia-me que faltava um livro escrito em inglês que contasse de uma forma simples a história toda", explicou à agência Lusa.</p> <p>Apesar de ter nascido em Portugal, em 1992, Alex Fernandes viveu a maior parte da vida fora, em países como Angola, Myanmar, Geórgia, Azerbaijão ou Vietname, e estudou na Universidade de Edimburgo. </p> <p>Mesmo assim, manteve um interesse pelo país de origem, com destaque para aquele que considera como um dos "momentos mais progressistas" da história portuguesa. </p> <p>"A revolução foi relativamente pacífica, progressista e socialista, e por isso o 25 de Abril é um ponto de orgulho enorme", disse o designer de iluminação para teatro e artes performativas.</p> <p>O livro começa por apresentar o contexto histórico do Estado Novo, da resistência ao regime, contando as histórias de Henrique Galvão, Humberto Delgado e de outros opositores, da guerra colonial e do movimento dos capitães. </p> <p>Alex Fernandes descreve com detalhe os preparativos, com algum foco em Otelo Saraiva de Carvalho e Salgueiro Maia, e os acontecimentos de 25 de Abril de 1974 só são narrados no oitavo capítulo, passadas quase 180 páginas. </p> <p>A narrativa continua durante o fim do Processo Revolucionário em Curso (PREC) até à crise de 25 de novembro de 1975. </p> <p>Cada um dos capítulos começa com um local específico em Lisboa, desde o monumento de homenagem aos mortos no campo de concentração do Tarrafal, no Cemitério do Alto de São João, à antiga sede da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), a polícia política da ditadura. </p> <p>Além de ter lido muitos livros já escritos sobre este período, Alex Fernandes fez investigação na Biblioteca Nacional britânica, junto da Associação 25 de Abril e entrevistou Vasco Lourenço, um dos membros do Movimento das Forças Armadas (MFA) que esteve na origem da revolução.</p> <p>"Eu não estava a tentar criar uma polémica nova com este livro, queria simplesmente tentar contar a história de uma maneira que nunca foi contada em inglês", vincou, referindo que teve mais facilidade porque pôde ler muita documentação em língua portuguesa.</p> <p>Como curiosidade, o prólogo começa com uma história do avô, Rafael Vicente Lopes, que só arriscou a mostrar à família um livro proibido de Henrique Galvão, que tinha escondido em casa, na tarde do 25 de Abril, confiante de que as coisas iriam mudar. </p> <p>Identificando-se como ideologicamente de esquerda, Fernandes não resistiu a acrescentar um epílogo onde se refere ao renascimento da extrema-direita no país nos últimos anos. </p> <p>"Se calhar tinha escrito uma coisa ligeiramente diferente se tivesse acabado o livro depois desta eleição. Eu estava ligeiramente mais optimista", admitiu, perante o resultado do Chega. </p> <p>Ainda assim, quer acreditar que "o povo português não vai voltar àquele caminho coletivamente", referindo-se a um regime como o do Estado Novo. </p> <p>"Acho que o 25 de Abril foi um acontecimento muito bom e não tenho medo de dizer isso mesmo no livro", avisa.</p> <p>'The Carnation Revolution' vai estar à venda a partir de 04 de abril no Reino Unido e o autor espera que também suscite o interesse de turistas que visitem Portugal. </p> <p>Para o 50.º aniversário da revolução, Alex Fernandes vai conduzir um grupo de amigos numa visita guiada por Lisboa aos sítios que refere no seu livro e participar na marcha anual do 25 de Abril, na Avenida da Liberdade. </p> <p>"Estive lá em 2022 pela primeira vez e foi fantástico, e acho que este ano vai ser ainda mais fantástico", antecipa. </p> <p> </p> <p>Leia Também: <a href="https://www.noticiasaominuto.com/pais/2526463/25-abril-ex-deputados-apresentam-propostas-para-aprofundar-democracia" target="_blank">25 Abril. Ex-deputados apresentam propostas para aprofundar democracia</a></p>