Seis livros ilustrados do autor norte-americano Dr. Seuss vão deixar de ser publicados nos EUA por serem potencialmente racistas e insensíveis, revelaram hoje os detentores dos direitos autorais.
<p>Os seis livros em causa, dirigidos a crianças, "retratam as pessoas de uma maneira ofensiva e errada", afirmou a Dr. Seuss Enterprises à Associated Press, sublinhando que não voltarão a ser impressos e reeditados.</p> <p>"Suspender a venda destes livros é uma parte do nosso compromisso e plano para garantir que o catálogo representa e apoia todas as comunidades e famílias", refere a empresa norte-americana.</p> <p>Segundo a entidade, a decisão foi tomada num processo de revisão editorial das obras de Dr. Seuss, auscultando professores, mediadores e académicos.</p> <p>Dr. Seuss é o nome pelo qual é conhecido o escritor, ilustrador e cartoonista norte-americano Theodor Seuss Geisel, que morreu em 1991, deixando mais de sessenta livros para crianças, editados em mais de cem países, incluindo Portugal.</p> <p>Nenhum dos seis títulos abrangidos por esta decisão está atualmente no mercado nacional.</p> <p>Em Portugal, a publicação da obra de Dr. Seuss era residual, até que em 2015 a Booksmile assumiu a edição de vários títulos do autor, entre os quais "Ovos verdes e presunto" e "Que amigo levo comigo?" e a reedição de "O gato do chapéu".</p> <p>Entre os seis livros agora a serem descontinuados estão "And to think that I saw it on Mulberry Street" - o primeiro de Dr. Seuss - e "If I ran the zoo", no quais aparecem personagens asiáticas e africanas caricaturadas.</p> <p>Theodor Seuss Geisel fez ilustração para publicidade, mas também para revistas como a Life e a Vanity Fair, antes de publicar o primeiro livro para crianças, em 1937.</p> <p>Segundo a Associated Press, trinta anos depois da morte do autor, a obra continua a ser popular, tendo rendido cerca de 33 milhões de dólares (mais de 27 milhões de euros) em vendas em 2020.</p> <p>A revista Forbes colocou-o, em 2020, em segundo lugar entre as celebridades, já mortas, mais rentáveis, atrás de Michael Jackson.</p> <p>As sucessivas edições da obra de Dr. Seuss, marcadas por narrativas em rima e com invenção de vocabulário, foram premiadas e chegaram a outros formatos, nomeadamente televisão - por exemplo com "Gerald McBoing-Boing" - e cinema, nos filmes "Lorax" (2012), "Grinch" (2000) e "Horton e o mundo dos quem" (2008).</p> <p>Em 1984, Dr. Seuss recebeu um prémio Pulitzer pelo contributo para os níveis de literacia e educação das crianças nos Estados Unidos.</p> <p>Apesar de os livros transmitirem mensagens sobre tolerância ou sobre a importância da natureza, a verdade é que têm sido criticados pela forma como Dr. Seuss retratou outras culturas, pecando, à luz da atualidade, por falta de diversidade racial e social, escreveu a AP.</p> <p>O autor morreu em 1991, aos 87 anos, vítima de cancro.</p>