E-Learning
  • Para Mais Informações!
  • +258 87 30 30 705 | 84 63 21 734
  • info@edu-tech-global.com
Reparações coloniais não devem servir para "culpabilizar ou vitimizar"

O escritor moçambicano Mia Couto defendeu hoje, em declarações à Lusa, que a dívida dos países africanos pode ser uma das vertentes num eventual processo de reparação do período colonial, mas não como forma de "culpabilização".

<p> <audio class="audio-for-speech" src="">&nbsp;</audio> </p> <div class="translate-tooltip-mtz translator-hidden"> <div class="header"> <div class="header-controls">Translator</div> <div class="header-controls">&nbsp;</div> <div class="header-controls">&nbsp;</div> </div> <div class="translated-text"> <div class="words">&nbsp;</div> <div class="sentences">&nbsp;</div> </div> </div> <p>&quot;Oque a gente quer da hist&oacute;ria &eacute; exatamente que n&atilde;o se apague aquilo que &eacute; a verdade hist&oacute;rica, mas que ela n&atilde;o seja o fundamento para qualquer sentimento de culpabiliza&ccedil;&atilde;o. N&atilde;o tem que haver culpa das gera&ccedil;&otilde;es de hoje sobre coisas que foram feitas num contexto hist&oacute;rico completamente diferente&quot;, afirmou Mia Couto.</p> <p>Para o escritor, as &quot;repara&ccedil;&otilde;es t&ecirc;m sentido&quot;, se forem &quot;discutidas n&atilde;o na base de um sentimento qualquer de culpa hist&oacute;rica&quot; e &quot;sim na base daquilo que os pa&iacute;ses africanos&quot; - porque &quot;o Brasil pode ter a sua pr&oacute;pria postura&quot; - &quot;consideram ser digno e leg&iacute;timo construir como uma ponte feita no presente&quot;.</p> <p>&quot;Acho que a quest&atilde;o, por exemplo, na d&iacute;vida, da atual d&iacute;vida, pode ser um assunto atual, mas n&atilde;o no sentido de recuar na hist&oacute;ria para culpabilizar ou para vitimizar algum dos lados&quot;, insistiu.</p> <p>Na semana passada, antecedendo as comemora&ccedil;&otilde;es dos 50 anos do 25 de Abril, o Presidente da Rep&uacute;blica, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu a responsabilidade de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, sugerindo o pagamento de repara&ccedil;&otilde;es pelos erros do passado.</p> <p>&quot;Temos de pagar os custos. H&aacute; a&ccedil;&otilde;es que n&atilde;o foram punidas e os respons&aacute;veis n&atilde;o foram presos? H&aacute; bens que foram saqueados e n&atilde;o foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto&quot;, afirmou Marcelo num jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal, citado pela ag&ecirc;ncia Reuters.</p> <p>&quot;N&atilde;o gosto do termo repara&ccedil;&atilde;o, gosto mais do termo no sentido de constru&ccedil;&atilde;o de qualquer coisa que tenha em considera&ccedil;&atilde;o que houve uma hist&oacute;ria. Sim, uma hist&oacute;ria que lesou, mas fazer de uma maneira conjunta tamb&eacute;m&quot;, apontou, por seu turno, Mia Couto.</p> <p>O escritor disse defender a cria&ccedil;&atilde;o de um Museu da Escravatura, que teria &quot;mais sentido&quot; ficar no Brasil ou em Portugal, mas como &quot;exemplo de alguma coisa que fosse constru&iacute;da com todos, com a participa&ccedil;&atilde;o de todos&quot;.</p> <p>&quot;A conce&ccedil;&atilde;o de um museu e depois a execu&ccedil;&atilde;o do museu seria pensada em conjunto, porque a hist&oacute;ria n&atilde;o &eacute; t&atilde;o simples assim, t&atilde;o feita a preto e branco. Tamb&eacute;m do lado africano houve cumplicidades, houve m&atilde;os internas que participaram&quot;, explicou, garantindo que os historiadores de Mo&ccedil;ambique, Angola, Guin&eacute;-Bissau, Cabo Verde e S&atilde;o Tom&eacute; e Pr&iacute;ncipe &quot;t&ecirc;m coisas para dizer sobre isso&quot;.</p> <p>Em Portugal, o Chega pediu o agendamento de um debate de urg&ecirc;ncia no parlamento para que o Governo esclare&ccedil;a se est&aacute; a ser equacionada a atribui&ccedil;&atilde;o de eventuais &quot;indemniza&ccedil;&otilde;es &agrave;s antigas col&oacute;nias&quot;.</p> <p>O partido pol&iacute;tico liderado por Andr&eacute; Ventura acusou o chefe de Estado de trair os portugueses e pediu a Marcelo Rebelo de Sousa que se retrate por estas declara&ccedil;&otilde;es.</p> <p>&quot;Provavelmente, as declara&ccedil;&otilde;es do Presidente Marcelo foram empoladas. Porque hoje tudo se aproveita do ponto de vista de polarizar o debate e depois o debate j&aacute; n&atilde;o &eacute; debate, porque &eacute; um conjunto de acusa&ccedil;&otilde;es e defesas. Mas eu acho que ele pr&oacute;prio teve a oportunidade de explicar o que &eacute; que se pretendia dizer com isso e, por exemplo, trabalhar no perd&atilde;o da d&iacute;vida atual, sim, &eacute; uma coisa atual&quot;, defendeu Mia Couto.</p> <p>Para o escritor mo&ccedil;ambicano, a pr&oacute;pria celebra&ccedil;&atilde;o da revolu&ccedil;&atilde;o do 25 de Abril em 1974 &quot;n&atilde;o pode ser feita com apagamentos&quot;.</p> <p>&quot;O 25 de Abril n&atilde;o foi s&oacute; o resultado de um grupo de capit&atilde;es que se rebelaram em Lisboa, mas foi o resultado das lutas que os pa&iacute;ses africanos fizeram, foi o resultado de uma coisa que tamb&eacute;m tem tend&ecirc;ncia a ser esquecida: foi a resist&ecirc;ncia antifascista dentro de Portugal, que come&ccedil;ou anos e anos antes, e que levou a milhares de pessoas que foram tamb&eacute;m vitimizadas&quot;, concluiu.</p> <p>&nbsp;</p> <p>Leia Tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.noticiasaominuto.com/pais/2551639/reparacao-a-ex-colonias-marcelo-nao-se-arrepende-mas-chega-bate-o-pe" target="_blank">Repara&ccedil;&atilde;o a ex-col&oacute;nias? Marcelo n&atilde;o se arrepende, mas Chega &#39;bate o p&eacute;&#39;</a></p>

Tags:
Partilhar: