E-Learning
  • Para Mais Informações!
  • +258 87 30 30 705 | 84 30 30 709
  • info@edu-tech-global.com
Reclusos, crianças e alunos reúnem noções de Liberdade em livro

Reclusos do Estabelecimento Prisional de Aveiro e alunos de escolas de Ovar e Aveiro assinam o livro "Liberdade é.", a lançar na sexta-feira, onde se demonstra, entre outras perspetivas, que "a maior prisão é a da mente".

<p>Essa frase &eacute; um excerto da publica&ccedil;&atilde;o de 160 p&aacute;ginas que a empresa &Aacute;guas da Regi&atilde;o de Aveiro (AdRA) apresentar&aacute; ao p&uacute;blico no Parque do Bu&ccedil;aquinho, em Ovar, na 9.&ordf; edi&ccedil;&atilde;o do festival liter&aacute;rio Gigantes Invis&iacute;veis, que, de quinta-feira 25 de Abril a domingo, leva a esse espa&ccedil;o de Esmoriz e Cortega&ccedil;a v&aacute;rias atividades gratuitas destinadas a promover a leitura na comunidade infantil.</p> <p>&nbsp;</p> <p>O livro resulta de um projeto social e pedag&oacute;gico que a AdRA come&ccedil;ou por desenvolver na escola da referida pris&atilde;o e que depois alargou a crian&ccedil;as do 1.&ordm; Ciclo de estabelecimentos de ensino vareiros e a estudantes da Secund&aacute;ria Homem Cristo, em Aveiro.</p> <p>Esse projeto editorial esteve a cargo do coordenador de Comunica&ccedil;&atilde;o e Educa&ccedil;&atilde;o Ambiental da empresa, Nuno Vasconcelos Branco, que, em declara&ccedil;&otilde;es &agrave; Lusa, conta que tudo come&ccedil;ou numa aula de Pintura do estabelecimento prisional: &quot;Os reclusos come&ccedil;aram a falar sobre o que era estar ali e um deles disse que &#39;liberdade &eacute; poder abra&ccedil;ar uma &aacute;rvore&#39;. Isto deixou-nos a pensar e vimos logo o potencial de um projeto com eles sobre os 50 anos do 25 de Abril&quot;.</p> <p>Primeiro com uma tiragem restrita de apenas 300 exemplares e s&oacute; em junho dispon&iacute;vel no mercado livreiro, &quot;Liberdade &eacute;.&quot; veio assim a compor-se de tr&ecirc;s segmentos: os textos escritos por reclusos com idades de 20 at&eacute; mais de 50 anos e ilustrados por crian&ccedil;as de nove turmas do 2.&ordm; ano de escolaridade; uma s&eacute;rie de dados&nbsp; estat&iacute;sticos e hist&oacute;ricos sobre o setor das &aacute;guas por altura do 25 de Abril, como o surto de c&oacute;lera registado nos anos 70 no Porto e noutras cidades do pa&iacute;s; e v&aacute;rios ensaios dos estudantes da Escola Secund&aacute;ria Homem Cristo sobre preocupa&ccedil;&otilde;es ambientais e outras amea&ccedil;as sociais que se colocam &agrave; liberdade individual e coletiva.</p> <p>&quot;Liberdade n&atilde;o &eacute; s&oacute; livrarmo-nos de regimes mal&eacute;ficos e autorit&aacute;rios; &eacute; tamb&eacute;m ter acesso &agrave;s coisas, &agrave;s sensa&ccedil;&otilde;es, a tudo de que o ser humano precisa para ser completo -- e por isso &eacute; que este livro, com perspetivas t&atilde;o diferentes umas das outras, &eacute; realmente inspirador&quot;, afirma Nuno Vasconcelos Branco.</p> <p>Com &quot;edi&ccedil;&otilde;es m&iacute;nimas aos textos&quot;, essa publica&ccedil;&atilde;o em capa dura pode n&atilde;o exibir a maior qualidade liter&aacute;ria, mas &quot;compensa largamente enquanto estudo sociol&oacute;gico&quot; -- at&eacute; porque o projeto tamb&eacute;m envolveu os docentes da cadeia e finalistas do curso de Design e Artes da Universidade de Aveiro, que est&atilde;o agora a preparar uma futura exposi&ccedil;&atilde;o sobre o mesmo trabalho.</p> <p>Cl&aacute;udio Pedrosa, adjunto do Estabelecimento Prisional de Aveiro, real&ccedil;a que da parceria entre os diversos participantes associados ao projeto resultou, &quot;al&eacute;m de um cruzamento de ideias muito distintas sobre a Liberdade, tamb&eacute;m um di&aacute;logo intergeracional muito gratificante&quot;.</p> <p>O efeito dessa colabora&ccedil;&atilde;o no moral e no comportamento dos reclusos &eacute; particularmente notado por quem com eles trabalha diariamente: &quot;As mudan&ccedil;as notam-se na comunica&ccedil;&atilde;o interpessoal, entre os pr&oacute;prios reclusos e [no di&aacute;logo desses] com professores, guardas prisionais, t&eacute;cnicos, profissionais de sa&uacute;de, administrativos e visitantes do meio livre. De uma forma geral, o relacionamento torna-se mais descontra&iacute;do, os reclusos mostram-se mais comunicativos e bem-humorados, e revelam-se, sobretudo, mais assertivos perante contrariedades, o que reduz os conflitos e tens&otilde;es em meio prisional&quot;.</p> <p>Cl&aacute;udio Pedrosa real&ccedil;a que &quot;h&aacute; tamb&eacute;m quem descubra aptid&otilde;es e capacidades individuais que desconhecia em si&quot; e acrescenta que alguns reclusos relatam &quot;a satisfa&ccedil;&atilde;o de aproveitarem melhor o tempo em que est&atilde;o privados de liberdade e o al&iacute;vio de ang&uacute;stias e preocupa&ccedil;&otilde;es que os tornavam mais ansiosos e irrit&aacute;veis&quot;.</p> <p>Esse respons&aacute;vel espera que o livro &quot;Liberdade &eacute;.&quot; possa agora contribuir para &quot;transformar a imagem social dos cidad&atilde;os que est&atilde;o transitoriamente privados de liberdade&quot; e melhorar tamb&eacute;m as ideias-feitas sobre as pris&otilde;es e os profissionais que a&iacute; trabalham -- muitas delas &quot;baseadas em s&eacute;ries televisivas e filmes que t&ecirc;m muito pouca rela&ccedil;&atilde;o com a realidade&quot;.</p> <p>&quot;A abertura da pris&atilde;o &agrave; comunidade envolvente pode contribuir para que essa perceba que tem um papel indispens&aacute;vel n&atilde;o s&oacute; no processo de acompanhamento das penas e medidas privativas de liberdade, mas tamb&eacute;m no acolhimento e reintegra&ccedil;&atilde;o destas pessoas no momento em que regressam &agrave; vida em liberdade&quot;, explica.</p> <p>Tal ajuda &eacute; decisiva, ali&aacute;s, para concretizar o esp&iacute;rito democr&aacute;tico idealizado pela Revolu&ccedil;&atilde;o dos Cravos, porque &quot;quem recorda as pris&otilde;es de h&aacute; 50 anos sabe que foi feito um longo caminho, para uma realidade melhor, mas sabe tamb&eacute;m que esse trajeto nunca est&aacute; terminado -- a transforma&ccedil;&atilde;o &eacute; um trabalho di&aacute;rio que precisa da colabora&ccedil;&atilde;o da comunidade envolvente&quot;.</p> <p>A expectativa do adjunto da dire&ccedil;&atilde;o prisional &eacute; que a popula&ccedil;&atilde;o livre perceba que uma passagem pela cadeia n&atilde;o &eacute; incompat&iacute;vel com enriquecimento e valoriza&ccedil;&atilde;o a v&aacute;rios n&iacute;veis: &quot;Um dos reclusos referiu que foi preciso vir para c&aacute; para se &#39;libertar&#39; das drogas. Uma estudante confessou sentir-se &#39;sem liberdade&#39; para escolher um curso superior se isso significar mudar-se para outra cidade e n&atilde;o ter capacidade econ&oacute;mica para um alojamento. Quem est&aacute; na pris&atilde;o pensa e valoriza mais a liberdade do que quem vive fora dela, mas tamb&eacute;m h&aacute; liberdades que n&atilde;o sofrem restri&ccedil;&otilde;es ou que at&eacute; s&atilde;o ampliadas, como a de pensamento e a de cria&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica&quot;.</p> <p>Como exemplo disso, Cl&aacute;udio Pedrosa conta que alguns reclusos come&ccedil;aram a escrever poesia e &quot;ganharam pr&eacute;mios liter&aacute;rios em concursos nacionais, quando, em liberdade, nunca tinham escrito um verso&quot;. Outros protagonizaram pe&ccedil;as de teatro, &quot;descobriram que eram capazes de representar em palco, perante um audit&oacute;rio repleto, e querem prosseguir esse caminho quando sa&iacute;rem da pris&atilde;o&quot;.</p> <p>&nbsp;</p> <p>Leia Tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="https://www.noticiasaominuto.com/cultura/2547075/serralves-expoe-um-grito-de-liberdade-que-tem-que-ser-continuo" target="_blank">Serralves exp&otilde;e &quot;um grito de liberdade que tem que ser cont&iacute;nuo&quot;</a></p>

Tags:
Partilhar: