O escritor moçambicano Mia Couto disse hoje à Lusa esperar que a Frelimo, partido no poder e que chegou a integrar, leve em conta "interesses nacionais" na escolha do candidato a sucessor de Filipe Nyusi como Presidente da República.
<p> <audio class="audio-for-speech" src=""> </audio> </p> <div class="translate-tooltip-mtz translator-hidden"> <div class="header"> <div class="header-controls">Translator</div> <div class="header-controls"> </div> <div class="header-controls"> </div> </div> <div class="translated-text"> <div class="words"> </div> <div class="sentences"> </div> </div> </div> <p>"Eu tenho esperança que haja uma solução que seja a que tenha em consideração não apenas a Frelimo, mas o seu país, mas os interesses nacionais. E, portanto, esse candidato que vai ser escolhido, que seja uma escolha sensata do ponto de vista de que há coisas que é preciso resolver", disse Mia Couto, questionado pela Lusa a propósito da sessão extraordinária do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), a realizar esta sexta-feira.</p> <p> </p> <p> </p> <p>A reunião deverá servir para definir o candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 9 de outubro, às quais já não pode concorrer Filipe Nyusi, por ter atingido o limite constitucional de dois mandatos.</p> <p>Para Mia Couto, Prémio Camões de 2013 e há vários anos fora da vida do partido, há "coisas" que estão "profundamente arraigadas na própria cultura da Frelimo e que obrigam a um certo tipo de ruturas".</p> <p>"Obrigam, obviamente, a continuar isso que é a grande trajetória que a Frelimo teve como um partido que dirigiu à libertação deste país. Mas que continue a ser a Frelimo que eu conheci no princípio, que era uma Frelimo de emancipação, de libertação, que olhava para os interesses das pessoas mais desprotegidas em primeiro lugar", apontou.</p> <p>Mia Couto venceu o prémio Eduardo Lourenço em 2012, o norte-americano Neustadt International Prize for Literature em 2014, e o prémio moçambicano José Craveirinha em 2022, entre vários outros. Um regresso à vida dos partidos, diz, está fora de causa.</p> <p>"Não, eu não voltarei em nenhum partido político mais. Mas não é porque ela seja Frelimo ou outra coisa qualquer. Sinto que posso dar mais sendo eu próprio", concluiu.</p> <p>A comissão política da Frelimo convocou em 22 de abril uma sessão extraordinária do Comité Central para 3 de maio, na qual é esperada a escolha do candidato às eleições presidenciais.</p> <p>"A comissão política convocou para o dia 3 de maio a realização da I Sessão Extraordinária do Comité Central da Frelimo, na Escola Central do partido, na cidade da Matola, província de Maputo", lê-se no comunicado daquele órgão, que se reuniu em Maputo sob direção do presidente da Frelimo e chefe de Estado, Filipe Nyusi.</p> <p>A 24.ª reunião, semanal, da comissão política visou "analisar a atual situação política, económica e sociocultural do país" e no comunicado não é ainda adiantada a agenda do Comité Central extraordinário desta sexta-feira.</p> <p>Contudo, o presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, anunciou em 6 de abril que a comissão política do partido vai apresentar nos próximos dias ao Comité Central a lista de candidatos à sua sucessão como Presidente da República.</p> <p>"A comissão política submeterá ao Comité Central as propostas referentes às candidaturas da Frelimo a Presidente da República o mais breve possível, tendo em conta o calendário eleitoral", disse Filipe Nyusi, citando os estatutos, no discurso de encerramento dos dois dias da terceira sessão ordinária do Comité Central da Frelimo, partido que lidera o país desde a independência.</p> <p>Moçambique vai realizar em 9 de outubro as sétimas eleições presidenciais e legislativas, as segundas para os governadores provinciais e as quartas para as assembleias provinciais.</p> <p> </p> <p>Leia Também: <a href="https://www.noticiasaominuto.com/cultura/2552075/reparacoes-coloniais-nao-devem-servir-para-culpabilizar-ou-vitimizar" target="_blank">Reparações coloniais não devem servir para "culpabilizar ou vitimizar"</a></p>