A Feira do Livro de Leipzig começa a preparar a edição do próximo ano, que se prevê um pouco mais pequena, mas com a imagem habitual, satisfazendo uma "necessidade" de conhecer a "tão rica" literatura lusófona.
<p>Depois de duas edições canceladas devido à pandemia da covid-19, o diretor da Feira do Livro de Leipzig, Oliver Zille, acredita que o evento, com mais de 500 anos de história, deverá realizar-se no próximo ano.</p> <p>"Estou confiante de que a feira poderá decorrer na próxima primavera, mas não acredito que a situação pandémica mude completamente. Estaremos numa situação melhor, mas ainda numa pandemia. Teremos de ter atenção ao número de visitantes - normalmente rondam os 300 mil por edição. Não acredito que tenhamos o mesmo número no próximo ano", assumiu, em declarações à agência Lusa.</p> <p>Deverá por isso ser uma edição "talvez um pouco mais pequena", mas que terá na estrutura "a mesma imagem que já conhecemos."</p> <p>"Vamos ter de recomeçar, usando o que aprendemos neste período, mas também pensando numa nova perspetiva. Temos de ver como é que os nossos clientes sobreviveram à pandemia, e qual é a situação real (...)", revelou.</p> <p>A edição de 2020, que contava com Portugal como País Convidado, foi cancelada. Este ano, a feira também não se realizou, antecipando, ainda assim, no festival literário "Leipzig Liest Extra" ("Leipzig Lê", em tradução literal), eventos com autores de língua portuguesa, reunidos sob a designação "Portugal Lê - Um olhar sobre o país convidado de 2022".</p> <p>"Decidimos, juntamente com Portugal, adiar o programa de País Parceiro e ter, este ano, uma pequena amostra do que será a próxima edição", apontou o diretor da Feira do Livro de Leipzig.</p> <p>Participaram, de 27 a 30 de maio, entre outros, Afonso Reis Cabral, Mia Couto, Isabela Figueiredo, Ondjaki, José Luís Peixoto e Patrícia Portela.</p> <p>"Não só como diretor da feira, mas também como leitor, temos muita curiosidade por conhecer os autores de Portugal, e por saber mais sobre a literatura portuguesa, não só literatura feita em Portugal, mas em língua portuguesa, de Moçambique, de Angola, da Guiné-Bissau", sublinhou Oliver Zille.</p> <p>"Penso que José Saramago e Lobo Antunes já são conhecidos dos leitores alemães. Mas autores mais jovens precisam de ser promovidos, não só na Alemanha, mas também nos outros países de fala alemã (...) É uma necessidade desta literatura se tornar mais conhecida, e é uma oportunidade", acrescentou.</p> <p>"É uma literatura [de língua portuguesa é] tão rica. A sua história colonial e a revolução pacífica [de 25 de Abril de 1974] são temas muito interessantes para nós, especialmente para nós da Alemanha de leste", descreveu.</p> <p>Cada ano, na Alemanha, são lançados cerca de 80 mil novos títulos, e, de acordo com Zille, a Feira do Livro de Leipzig tem o trabalho de os promover, principalmente obras lançadas na primavera. Depois de dois anos de pausa do formato habitual, é altura de planear a próxima edição.</p> <p>"No primeiro ano [da pandemia], tudo estava pronto. Estávamos à espera dos expositores para começar a feira. Isso significa que tivemos de reorganizar tudo, devolver o dinheiro aos nossos clientes, foi uma situação muito, muito difícil. Para dizer a verdade, foi uma confusão", explicou à agência Lusa.</p> <p>"A Feira do Livro de Leipzig é parte da feira de negócios de Leipzig, que, por sua vez, pertence à cidade de Leipzig e ao estado da Saxónia. Estes parceiros tiveram em conta a longa história da feira, a forte ligação que tem com a cidade, e deram-nos o dinheiro para sobreviver o primeiro e o segundo ano, sem a realização da feira, sem receita", lembrou.</p> <p>Oliver Zille está otimista, revelando que editoras e livreiros estão relativamente estáveis. Apesar disso, a dimensão e o conteúdo da feira dependerão dos próximos meses, e da evolução da crise provocada pela pandemia da covid-19.</p> <p>A presença de Portugal em Leipzig em 2022, como convidado, continuará a ocorrer sob o lema "O Encontro Inesperado do Diverso", e constituirá uma "oportunidade ímpar para dar sequência à presença crescente de obras de autores de língua portuguesa no mercado alemão e ao conhecimento, por este público, da cultura literária em língua portuguesa", lia-se numa nota divulgada pelo Camões Instituto, em abril deste ano.</p>