E-Learning
  • Para Mais Informações!
  • +258 87 30 30 705 | 84 63 21 734
  • info@edu-tech-global.com
Gaveta, cinzas e solilóquios: o ponto de partida e a voz de Nick do Rosário

Em breve, o livro Gaveta de cinzas: solilóquios, da autoria de Nick do Rosário, será apresentado publicamente na Cidade de Maputo. Enquanto isso não acontece, até porque os centros culturais estão encerrados no país, o poeta conta como foi compor os versos do seu livro de estreia, refere-se ao poder da literatura e ainda afirma como gostaria que fosse lido: em câmara lenta.

<p><strong>Esta&nbsp;<em>Gaveta de cinzas: solil&oacute;quios&nbsp;</em>&eacute; uma obra feita de amor e homenagens. Uma forma aut&ecirc;ntica de come&ccedil;ar&hellip;</strong></p> <p>Exacto. Como o meu primeiro livro, quis trazer estas homenagens ao meu pai, &agrave; minha m&atilde;e, &agrave; minha av&oacute;, &agrave; minha filha e aos meus amigos. &Eacute; uma boa forma de come&ccedil;ar.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Interessou-lhe fazer dos seus sujeitos po&eacute;ticos uma possibilidade de exprimir o amor, &agrave;s vezes, destinado a um ser ausente. Como idealizou essa entidade que est&aacute; connosco e, simultaneamente, distante? &nbsp;</strong></p> <p>Realmente, os meus textos t&ecirc;m isso que acaba de mencionar. Eu sou uma pessoa apaixonada e que vive o amor todos os dias. Falar de amor e escrever sobre o amor &eacute; muito simples, porque eu gosto de amar. Os meus textos t&ecirc;m essa particularidade. Mas, al&eacute;m de amor, este projecto tem muita dor. Comecei a escrever o livro numa fase dif&iacute;cil. Estava com muitas dificuldades. Nessa altura, peguei um livro de Jos&eacute; Craveirinha, fui-me identificando com os textos e comecei a escrever. Fui escrevendo sobre mim (tamb&eacute;m) e, nessa coisa de escrever, n&atilde;o podia faltar o amor.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Projecta o amor como uma partilha ou como uma busca?</strong></p> <p>Partilha e busca. Temos aqui alguns textos que falam de amor que se espera. H&aacute; uma desola&ccedil;&atilde;o e um sentimento de tristeza.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Isso tem a ver com o mundo que temos hoje?</strong></p> <p>De certa forma, sim. Porque o mundo que temos hoje &eacute; muito materialista. Eu tento espalhar o amor nos meus textos para que as pessoas se toquem. &Eacute; necess&aacute;rio falar disso.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Tem alguma pretens&atilde;o ao convocar os leitores a uma certa ideia de raz&atilde;o?</strong></p> <p>Eu leio os comportamentos das pessoas, fa&ccedil;o leituras de mentes e sinto que &eacute; preciso mudar de postura. A literatura tem o poder de formar cren&ccedil;as, de firmar padr&otilde;es e de mudar o comportamento das pessoas de uma sociedade. Precisamos de espalhar livros de modo que as pessoas leiam mais.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Neste livro de estreia noto o seu fasc&iacute;nio pela composi&ccedil;&atilde;o&nbsp;<em>haikai</em>. H&aacute; uma motiva&ccedil;&atilde;o ao investir a express&atilde;o po&eacute;tica em textos curtos?</strong></p> <p>Talvez, isso tem a ver com os textos que tenho lido. Aparentemente, parece uma coisa f&aacute;cil de se fazer, mas &eacute; um trabalho muito &aacute;rduo. Se for a ler os meus textos, em duas ou tr&ecirc;s estrofes percebe do que se trata, a ideia do texto. Leio muito&nbsp;<em>haikai</em>&nbsp;e textos desta estrutura. &Eacute; uma das minhas fontes de inspira&ccedil;&atilde;o.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>No seu caso, por que a possibilidade de criar musas &eacute; inspiradora?</strong></p> <p>Acho que as musas ser&atilde;o sempre inspiradoras. Sem elas, n&atilde;o existe o poeta. Um texto que fiz para a minha filha, em algum momento, tem a Nicole, embora menina, como minha musa.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Em que momento decide usar as setes chaves para abrir esta&nbsp;<em>Gaveta de cinzas</em>?</strong></p> <p>Acordei louco. Peguei no projecto e entreguei a uma editora para ver a possibilidade de publicar, que &eacute; a editora Gala-Gala.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Esta n&atilde;o &eacute; uma&nbsp;<em>Gaveta&nbsp;</em>qualquer. E sai em&nbsp;<em>solil&oacute;quios</em>&hellip;</strong></p> <p>Exactamente, porque alguns textos dialogam comigo. Quase todos. Da&iacute;&nbsp;<em>Gaveta de cinzas: solil&oacute;quios</em>. E esta &eacute; uma maneira de dialogar com os outros.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Esta forma de amar, o que lhe custa?</strong></p> <p>Custa-me uma vida. &Eacute; a minha maneira de ser e de estar. A vida faz mais sentido agora, com este livro publicado. H&aacute; dias fiquei a ver o livro na livraria, sem que ningu&eacute;m me reconhecesse, e foi muito especial.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Pensa no que os seus textos podem ter, em termos de impacto, nos leitores que o l&ecirc;em?</strong></p> <p>Os meus textos trazem, de alguma forma, temas para reflex&atilde;o. Acredito que, quem for a ler o projecto, encontrar&aacute; marcas do que est&aacute; a acontecer na sociedade. O projecto tem 45 textos. Dos 45 textos, temos muita coisa escrita sobre a nossa sociedade. Ent&atilde;o, eu trago tamb&eacute;m textos que possam ser &uacute;teis para a reflex&atilde;o.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Quanto tempo levou a escrever?</strong></p> <p>Uns dois anos, porque eu n&atilde;o estava satisfeito com os textos. Corrigia-os constantemente. Como primeiro projecto, estava muito inquieto.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Este livro tem o pref&aacute;cio de Dem&eacute;trio Alves Paz, que a certa altura diz que os seus poemas n&atilde;o t&ecirc;m apenas uma origem, mas tamb&eacute;m uma continuidade&hellip;</strong></p> <p>Com certeza. Neste projecto eu tive de cortar e arquivar uma parte. Tirei cerca de 25 textos, por entender que a tem&aacute;tica n&atilde;o encaixava. Ficou um projecto &agrave; parte, que tamb&eacute;m est&aacute; conclu&iacute;do. Na verdade, eu tinha um outro projecto pronto a publicar. Preferi este porque, de contr&aacute;rio, o livro ficaria mesmo na gaveta de cinzas. Este tinha de ser o primeiro. Este &eacute; um ponto de partida. Queria que estes textos estivesse em uma prateleira.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Quando leu o pref&aacute;cio de Alves Paz, o que lhe ocorreu?</strong></p> <p>Ele trouxe alguns pontos que n&atilde;o tinha reparado. Por exemplo, a quest&atilde;o da fam&iacute;lia. Quando li o pref&aacute;cio, fiquei mais emocionado. Foi espectacular.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Dizem que os autores nunca t&ecirc;m um livro preferido. N&atilde;o &eacute; verdade. Parece que este livro continuar&aacute; a ser o seu eleito? &nbsp;</strong></p> <p>H&aacute; um projecto que j&aacute; fechei, que eu acho que &eacute; o meu livro, pela maneira como o idealizei e escrevi. Acho que aquele &eacute; o meu livro. &Eacute; completamente diferente deste, tem outras ideias e outras coisas. Mas este tem uma carga emocional. O primeiro &eacute; sempre o primeiro, e queria apresentar-me com este projecto.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>&Eacute; formado em Literatura Mo&ccedil;ambicana pela Universidade Eduardo Mondlane. Valeu-se dos conhecimentos adquiridos no curso ao escrever o livro?</strong></p> <p>Eu comecei a escrever muito antes de ir &agrave; universidade. Claro que aprendi muito. L&aacute; tive bons professores, os que considero os&nbsp;<em>big five</em>: Nataniel Ngomane, Gilberto Matusse, Francisco Noa, Aur&eacute;lio Cuna e Teresa Manjate. Tamb&eacute;m tenho de dar os parab&eacute;ns ao Luc&iacute;lio Manjate. Na &eacute;poca que eu entrei ele era professor assistente e foi uma das pessoas que me impulsionou muito para este projecto que eu trago aqui hoje. N&atilde;o directamente, mas me impulsionou.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Como gostaria que os leitores lessem esta&nbsp;<em>Gaveta de cinzas: solil&oacute;quios</em>?</strong></p> <p>Em c&acirc;mara lenta.</p> <p>&nbsp;</p> <p><strong>Sugest&otilde;es art&iacute;sticas para os leitores do jornal O Pa&iacute;s?</strong></p> <p>Sugiro a obra de Gran&rsquo;Mah;&nbsp;<em>Nudos</em>, de Eduardo White; e&nbsp;<em>Corpo</em>, de Carlos Drummond de Andrade.</p> <p><strong>Perfil</strong></p> <p>Nick do Ros&aacute;rio nasceu na Cidade de Quelimane. &Eacute; licenciado em Literatura Mo&ccedil;ambicana pela Faculdade de Letras e Ci&ecirc;ncias Sociais da Universidade Eduardo Mondlane. Trabalha na &aacute;rea de viagens e turismo. Escreve poesia desde 2004. Em 2019, participou no 2&ordm; Concurso Internacional da Revista Inversos &ndash; Doces Poemas (Brasil), tendo o seu texto sido seleccionado para a antologia do pr&eacute;mio.</p>

Tags:
Partilhar: