Uma exposição na Livraria Buchholz, em Lisboa, mostra, a partir de hoje, títulos e autores que estavam proibidos de circular antes do 25 de Abril de 1974.
<p> <audio class="audio-for-speech" src=""> </audio> </p> <div class="translate-tooltip-mtz translator-hidden"> <div class="header"> <div class="header-controls">Translator</div> <div class="header-controls"> </div> <div class="header-controls"> </div> </div> <div class="translated-text"> <div class="words"> </div> <div class="sentences"> </div> </div> </div> <p>Trata-se de uma "exposição de livros raros, histórias de títulos proibidos e relatórios da Direção dos Serviços de Censura", e é a primeira de várias iniciativas previstas para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, segundo comunicado do Grupo LeYa, proprietário do espaço, enviado à agência Lusa.</p> <p> </p> <p>"Passados 50 anos da Revolução dos Cravos, ainda não se sabe quantos livros foram proibidos pela Direção dos Serviços de Censura do Estado Novo", pode ler-se no comunicado.</p> <p>Na exposição, intitulada 'Proibidos: Livros Censurados Durante o Estado Novo', estão patentes 50 relatórios da censura, que "mostram a aplicação prática das ideias do regime autoritário" imposto em 1933 por António de Oliveira de Salazar, na sequência do golpe militar liderado pelo general Gomes da Costa, a 28 de maio de 1926.</p> <p>Na mostra, com coordenação editorial, pesquisa e textos da jornalista Joana Stichini Vilela e direção de arte da 'designer' Maria Manuel Lacerda, estão patentes "exemplares raros de alguns dos títulos mandados apreender, documentos fundamentais numa época em que [se volta] a constatar que a liberdade, a civilidade e a própria democracia não estão garantidas à partida".</p> <p>A censura prévia tomou força de lei depois de implantada a Constituição de 1933, mas logo "a partir do golpe de Estado de 28 de maio de 1926 a censura prévia começou a apontar à imprensa".</p> <p>"O controlo sobre o que era publicado na forma de livro só chegou depois da instituição do Estado Novo" e na mostra está patente o primeiro dos relatórios, com data de maio de 1934, que incide sobre "Santa Maria Madalena", sem autor assinalado, "um romance descritivo da vida de Madalena antes e depois da sua regeneração por Cristo".</p> <p>Seguem-se, ao longo de 40 anos, proibições de "todo o tipo de títulos, sejam eles adquiridos no estrangeiro ou editados em Portugal, como se vê nos relatórios expostos, a maior parte cedidos pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo e pela [Associação] Ephemera".</p> <p>"Entre os principais visados estão temas como o comunismo, o socialismo, a monarquia, a maçonaria, os direitos das mulheres, o pacifismo, as desigualdades sociais, os métodos anticoncecionais, o humor e, claro, o sexo e o prazer, a Igreja católica e Estado Novo são intocáveis, e entre os alvos mais surpreendentes estão o hipnotismo e a ficção científica", acrescentou o grupo.</p> <p>O livro 'Os Melhores Contos de Ficção-Científica. De Júlio Verne aos Astronautas' é considerado "doutrinação marxista", 'O Hypnotismo em 30 Lições', de António Gonçalves Leitão, foi proibido como "medida de profilaxia".</p> <p>O grande destaque da mostra são "as histórias da proibição de títulos e autores que são marcos do pensamento e da literatura, não só portuguesa, mas também mundial", acompanhadas de imagens dos relatórios, livros e protagonistas.</p> <p>"Todas têm pormenores que vão desenhando uma versão ora visceral ora surpreendente do que era a vida em Portugal antes do 25 de Abril de 1974, e também da história do país ao longo destas quatro décadas", acrescentou a organização.</p> <p>Ao longo do mês vai haver várias sessões no contexto dos 50 anos do 25 de Abril, desde 'O Papel das Mulheres nas Revoluções' ao tema do stress pós-traumático nos ex-combatentes da Guerra Colonial e nos presos políticos do Estado Novo.</p> <p> </p> <p>Leia Também: <a href="https://www.noticiasaominuto.com/cultura/2535157/apel-rejeita-uso-generalizado-de-ia-para-traducao-de-livros" target="_blank">APEL rejeita uso generalizado de IA para tradução de livros</a></p>