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Exposição de arquitetura põe em diálogo diferentes formas de habitar

Uma exposição que explora as várias possibilidades de habitação contemporânea, através de projetos de vários arquitetos, desde abrigos de escala reduzida até grandes habitações coletivas, é inaugurada no dia 16 no espaço Garagem Sul, do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

<p>&quot;Em Casa - Projetos para Habita&ccedil;&atilde;o Contempor&acirc;nea&quot; &eacute; o tema desta exposi&ccedil;&atilde;o, constru&iacute;da a partir da cole&ccedil;&atilde;o do museu MAXXI, Museu Nacional das Artes do S&eacute;culo XXI, em Roma, constituindo-se como um percurso pelas diversas possibilidades de casa, que revela experi&ecirc;ncias h&iacute;bridas e complexas que s&atilde;o testemunho de novos modos de rela&ccedil;&atilde;o entre o indiv&iacute;duo e a comunidade.</p> <p>&quot;A exposi&ccedil;&atilde;o &eacute; intermin&aacute;vel, parte do conjunto de Roma, dos di&aacute;logos de projetos [de arquitetos italianos, do arquivo de arquitetura do MAXXI]. A uma sele&ccedil;&atilde;o de exemplos juntaram outros do mundo fora, contempor&acirc;neos e hist&oacute;ricos. A cada um deles, junt&aacute;mos exemplos portugueses. &Eacute; uma desmultiplica&ccedil;&atilde;o que permite visitas cruzadas, como um puzzle&quot;, explicou Andr&eacute; Tavares, um dos curadores, durante uma visita guiada &agrave; imprensa.</p> <p>Esta mostra procura responder a quest&otilde;es como &quot;em que casas habitamos?&quot; ou &quot;Como &eacute; que os arquitetos de hoje desenham as nossas moradas e como &eacute; que as no&ccedil;&otilde;es de habita&ccedil;&atilde;o se transformaram no tempo da &uacute;ltima gera&ccedil;&atilde;o?&quot;.</p> <p>As respostas s&atilde;o dadas atrav&eacute;s de n&uacute;cleos, compostos por projetos dialogantes de diferentes arquitetos, apresentados em fotografias, plantas, maquetes, desenhos e, em alguns casos, filmes.</p> <p>Um dos exemplos, que Andr&eacute; Tavares designou como &quot;Steam House&quot;, apresentado em fotografias, &eacute; uma casa sem quartos, com cozinha e biblioteca, da autoria de Exyzt, constru&iacute;da na Cova do Vapor em 2013, em contraponto com a &#39;villa&#39; Malaparte, em Capri, de Alberto Libera, e com o abrigo Bivacco Fanton, nas Dolomitas, do est&uacute;dio de arquitetura Demogo.</p> <p>Aqui est&aacute; presente a ideia da casa como ref&uacute;gio, traduzida na constru&ccedil;&atilde;o de abrigos que transformam ambientes in&oacute;spitos em lugares sublimes, e que, no caso portugu&ecirc;s, deu origem a um espa&ccedil;o de ref&uacute;gio coletivo &agrave; beira-mar.</p> <p>&quot;A ideia de ref&uacute;gio e de casa n&atilde;o passa pelo quarto. A casa &eacute; um espa&ccedil;o de constru&ccedil;&atilde;o social em articula&ccedil;&atilde;o com o coletivo&quot;, explicou, acrescentando que a casa entretanto foi desmontada e j&aacute; n&atilde;o existe.</p> <p>A acompanhar este n&uacute;cleo, um expositor mostra um conjunto de desenhos da casa feitos por &#39;urban sketchers&#39;.</p> <p>A passagem da escala de ref&uacute;gio para a habita&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica est&aacute; patente no di&aacute;logo entre individual e coletivo, na luta pela habita&ccedil;&atilde;o em Portugal no p&oacute;s-25 de Abril e nas obras do Servi&ccedil;o Ambulat&oacute;rio de Apoio Local (SAAL), em conjunto com a casa Moriyama, do japon&ecirc;s Ryue Nishizawa, que se transforma num mini-quarteir&atilde;o de casas isoladas, e com o Bosque Vertical, do italiano Stefano Boeri, uma torre de habita&ccedil;&atilde;o, que quer ser uma sobreposi&ccedil;&atilde;o de &#39;ville&#39; (vivendas), cada uma com o seu pr&oacute;prio jardim, idealizando a rela&ccedil;&atilde;o entre edif&iacute;cio, casa, c&eacute;u e vegeta&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Um outro conjunto &eacute; composto pela &#39;villa&#39; presidencial projetada pela dupla romana Monaco e Luccichenti, que consiste num quadrado sobrelevado e vazio no centro, e as casas Guna e Solo, da dupla chilena Pezo Von Ellrichshausen, tamb&eacute;m de formas geom&eacute;tricas, que pretendem responder a novas solicita&ccedil;&otilde;es de como estar no espa&ccedil;o e como habitar as casas. &Eacute; nesse contexto que se apresenta a casa em Oeiras de Pedro Domingos, em que o vermelho forte do cora&ccedil;&atilde;o interno dialoga com a neutralidade branca do exterior e a vegeta&ccedil;&atilde;o que, progressivamente, interage com a constru&ccedil;&atilde;o.</p> <p>&quot;S&atilde;o casas muito inventivas, com cores que normalmente n&atilde;o encontramos nas casas convencionais, s&atilde;o experi&ecirc;ncias arquitet&oacute;nicas&quot;, afirmou o curador.</p> <p>Um outro n&uacute;cleo &eacute; composto pela &#39;Palazzina&#39; (forma espec&iacute;fica de habita&ccedil;&atilde;o romana que floresceu com o &#39;boom&#39; econ&oacute;mico do p&oacute;s-guerra), de Luigi Moretti, em Roma, e o Bloco &Aacute;lvares Cabral, de Cassiano Branco, em Lisboa, que &quot;rejuvenesceram a imagem da cidade nos anos de 1930 e 1940&quot;.</p> <p>Este tipo de projeto &quot;mostrou como a promo&ccedil;&atilde;o privada e a especula&ccedil;&atilde;o imobili&aacute;ria tamb&eacute;m s&atilde;o fatores de transforma&ccedil;&atilde;o&quot; da cidade quando se apoiam na qualidade da arquitetura.</p> <p>Passando para um outro conjunto arquitet&oacute;nico, encontram-se exemplos da casa como espa&ccedil;o coletivo, &quot;outras formas de casa que n&atilde;o a casa familiar&quot;, como resid&ecirc;ncias de estudantes, resid&ecirc;ncias para sem-abrigo e resid&ecirc;ncias s&eacute;nior.</p> <p>Os projetos apresentados na exposi&ccedil;&atilde;o alusivos a este conceito integram a resid&ecirc;ncia estudantil Ca Romanino, do arquiteto Giancarlo de Carlo, o complexo Sugar Hill, do arquiteto David Adjaye, constru&iacute;do no Harlem, em Nova Iorque, para pessoas muito pobres ou sem abrigo, e as Resid&ecirc;ncias S&eacute;nior, em Alc&aacute;cer do Sal, um projeto de Aires Mateus.</p> <p>A cria&ccedil;&atilde;o deste espa&ccedil;o portugu&ecirc;s partiu do conceito de que &quot;a popula&ccedil;&atilde;o &eacute; cada vez mais velha e a maneira como habitamos casas quando somos mais velhos &eacute; diferente de quando somos mais novos&quot;, destacou Andr&eacute; Tavares, assinalando que para essas &quot;resid&ecirc;ncias assistidas&quot;, o arquiteto portugu&ecirc;s criou um grande p&aacute;tio interior para a comunidade.</p> <p>Aquele que &quot;talvez seja o conjunto mais arquitet&oacute;nico ou t&eacute;cnico&quot; &eacute; composto pelo projeto Casa Baldi, em Roma, do arquiteto Paolo Portoghesi, e pela Casa em Adropeixe, Terras de Bouro, de Carlos Castanheira.</p> <p>Aqui p&otilde;e-se &quot;em di&aacute;logo a casa de Carlos Castanheira, em madeira, linear e contrastante com a casa de Paolo Portoghesi, que &eacute; em pedra e com paredes cont&iacute;nuas e curvas. A forma da casa &eacute; dada pela pedra ou pela madeira&quot;, afirmou Andr&eacute; Tavares.</p> <p>O curador destaca, a prop&oacute;sito destes dois exemplos, que &quot;h&aacute; solu&ccedil;&otilde;es alternativas ao bet&atilde;o armado, que passam pela maneira de habitar e t&ecirc;m um impacto profundo sobre o planeta e o ecossistema&quot;, considerou, acrescentando: &quot;a forma de habitar &eacute; como a nossa casa nos obriga a habitar de uma maneira ou de outra, e como ao habitar, as nossas casas transformam a cidade e o planeta&quot;.</p> <p>A exposi&ccedil;&atilde;o &quot;Em casa. Projetos para habita&ccedil;&atilde;o contempor&acirc;nea&quot;, que traduz a forma como os arquitetos lidaram e continuam a lidar com os modos de vida em comunidade, tem tamb&eacute;m curadoria de S&eacute;rgio Catumba, Margherita Guccione e Pipo Ciorra, e vai estar patente at&eacute; 05 de setembro.</p>

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