A peça Medeia foi encenada por estudantes de Teatro da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). O exercício teve orientação da encenadora Maria Atália e faz parte do processo de formação de actores e encenadores.
<p>Há mais de dois mil anos, Eurípedes pôs-se a criar uma relíquia intitulada <em>Medeia</em>. A tragédia datada de 431 a. C., é uma história de amor e ódio, horror e vingança.</p> <p>Tantos anos depois da morte do autor grego, a sua peça continua sendo uma referência para a cultura universal. Por isso, em Moçambique, estudantes do segundo ano do curso de Teatro (primeiro em encenação) na Escola de Comunicação e Artes da UEM escolheram o texto <em>Medeia </em>para um exercício público.</p> <p>Tem sido assim. No fim de cada semestre, os estudantes de Teatro são desafiados a colocar em prática o que têm aprendido ao longo do curso. “Como primeiro ano de encenação, o desafio era que eles trabalhassem uma peça clássica. Eles escolheram a peça <em>Medeia</em>. A encenação foi toda feita por eles em função do que aprendem nas aulas”, contou a professora Maria Atália, que, este sábado, esteve no Centro Cultural da UEM a acompanhar o exercício dos seus estudantes.</p> <p>De acordo com Maria Atália, que também é encenadora, está a ser um desafio enorme para os estudantes de Teatro porque, agora, praticamente não estão a ter aulas presenciais. “E não é possível ter aulas de encenação via online. Não está a ser nada fácil porque muitos deles nem vêm do teatro e nunca leu uma peça clássica”. À professora, cabe, também por isso, mediar princípios básicos de encenação durante as aulas e organizar as ideias dos futuros profissionais de teatro.</p> <p>Na versão dos estudantes de Teatro da ECA, <em>Medeia </em>tem mais ou menos uma hora de duração. Para os estudantes, foi realmente um desafio. “Tivemos desavenças entre os colegas, durante os ensaios, mas, no fim, percebemos que o texto era um corpo e cada um tinha uma parte do corpo. O texto <em>Medeia</em> é importante para nossa formação porque o teatro não é apenas comédia, como muita gente pensa. Os textos clássicos são trágicos e é um desafio porque tem uma linguagem diferente da que estamos habituados. Ao encenar os textos clássicos, ficamos actores completos”, afirmou Amanda. E Messias Grachane, outro estudante, mas com larga experiência na arte de palco, acrescentou: “O texto clássico não é brincadeira. Mas, graças aos professores, teremos artistas capacitados não só para fazer um teatro tradicional, bem como clássico e contemporâneo”.</p>