E-Learning
  • Para Mais Informações!
  • +258 87 30 30 705 | 84 30 30 709
  • info@edu-tech-global.com
Coreógrafos em improvisos no Jardim Botânico para celebrar procrastinação

A ideia surgiu de "uma brincadeira entre amigos", sobre a constante falta de tempo para aprofundar a reflexão. Dessa conclusão, nasceu a possibilidade de celebrar a procrastinação numa maratona de improvisos com sete coreógrafos, num jardim de Lisboa.

<p>&quot;A palavra procrastina&ccedil;&atilde;o, ou o ato de adiar, tem uma carga negativa, mas podia ser usada como provoca&ccedil;&atilde;o&quot;, disse &agrave; ag&ecirc;ncia Lusa a core&oacute;grafa e investigadora S&iacute;lvia Pinto Coelho sobre este comportamento socialmente mal visto, que ser&aacute; tema de uma maratona de dez horas marcada para 6 de junho, no Jardim Bot&acirc;nico.</p> <p>Num cen&aacute;rio de &aacute;rvores, plantas e flores, sete core&oacute;grafos portugueses e estrangeiros - L&iacute;lia Mestre, Mark Tompkins, Vera Mantero, Jeroen Peeters, Mariana Tengner Barros, Jo&atilde;o Bento e S&iacute;lvia Pinto Coelho - v&atilde;o chamar a si o improviso, &quot;com percursos, discursos, dan&ccedil;a, contempla&ccedil;&atilde;o, reflex&atilde;o e medita&ccedil;&atilde;o, entre as 10h00 e as 20h00.</p> <p>O projeto germinou em S&iacute;lvia Pinto Coelho em 2018, &quot;numa brincadeira com amigos&quot;, e foi concretizado atrav&eacute;s da Escola de Procrastina&ccedil;&atilde;o, depois com um Grupo de Leitura, em 2020 - em contexto de pandemia - que partilhava textos sobre &quot;desacelerar, adiar, procrastinar, sabotar, direito ao &oacute;cio e &agrave; pregui&ccedil;a&quot;, sobretudo no &acirc;mbito dos processos criativos.</p> <p>Inicialmente prevista para 2020, a &quot;Maratona de Procrastina&ccedil;&atilde;o&quot; foi adiada devido &agrave; pandemia, e no seu lugar, S&iacute;lvia Pinto Coelho realizou oito entrevistas com criadoras e core&oacute;grafos portugueses, que est&atilde;o dispon&iacute;veis na rede social YouTube do Teatro do Bairro Alto.</p> <p>&quot;H&aacute; um processo rico em inven&ccedil;&atilde;o de desconhecido no ato de protelar, de fazer durar&quot;, salientou a criadora &agrave; Lusa, apontando que a &quot;Maratona de Procrastina&ccedil;&atilde;o&quot; se concentra justamente no papel que pode este comportamento pode ter em processos criativos.</p> <p>&quot;Sempre que se fazem congressos, confer&ecirc;ncias e palestras parece que n&atilde;o h&aacute; tempo e n&atilde;o se aprofundam ideias, est&eacute;ticas, &eacute;ticas e pol&iacute;ticas. Este tipo de modo de produ&ccedil;&atilde;o n&atilde;o serve a constru&ccedil;&atilde;o de pensamento para o futuro. N&atilde;o serve a necessidade de constru&ccedil;&atilde;o de rela&ccedil;&atilde;o humana e com a comunidade, sobretudo para o que vem a&iacute;&quot;, ap&oacute;s a pandemia, considerou a core&oacute;grafa e investigadora no Instituto de Comunica&ccedil;&atilde;o da Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ci&ecirc;ncias Sociais e Humanas.</p> <p>A palavra procrastina&ccedil;&atilde;o escolheu-a, &quot;n&atilde;o porque goste dela, mas porque, apesar de ter uma carga negativa, e em vez de as pessoas se acusarem umas &agrave;s outras de procrastinar, merecia ser colocada na visibilidade para ser trabalhada como provoca&ccedil;&atilde;o e para recuperar esse tempo daquilo que se pensa que se sabe, para se descobrir outras possibilidades&quot;, vincou.</p> <p>&quot;Isto &eacute; uma coisa que as pessoas que trabalham na &aacute;rea da improvisa&ccedil;&atilde;o, sejam m&uacute;sicos ou core&oacute;grafos e bailarinos, j&aacute; t&ecirc;m em conta, ou seja, n&atilde;o fazem o que seria dado como certo, mas d&atilde;o a possibilidade de outra coisa acontecer, que n&atilde;o se estava &agrave; espera&quot;, disse S&iacute;lvia Pinto Coelho.</p> <p>A ideia segue a linha de pensamento a que aderiram alguns criadores nos anos 1990, na &aacute;rea da dan&ccedil;a, como, por exemplo, Meg Stuart e Mark Tompkins, que trabalharam num modo de estar em p&uacute;blico &quot;totalmente improvisado&quot;, recordou a core&oacute;grafa que, desde 1996, coreografa e participa em processos de pesquisa, pedagogia e em filmes com colaboradores de v&aacute;rias &aacute;reas art&iacute;sticas.</p> <p>Foram estes criadores que adotaram uma atitude de &quot;arriscar no desconhecido&quot; da improvisa&ccedil;&atilde;o, recordou, por exemplo, sobre trabalhos da criadora norte-americana Meg Stuart, nascida em 1965, em cuja obra esta pr&aacute;tica era importante, nomeadamente em &quot;Crash Landing&quot;.</p> <p>Stuart, que trabalha entre Bruxelas e Berlim, com a sua companhia de dan&ccedil;a Damaged Goods, tem vindo a desenvolver novas linguagens coreogr&aacute;ficas para cada colabora&ccedil;&atilde;o com outros artistas de disciplinas diferentes, navegando nas &aacute;reas da dan&ccedil;a e do teatro.</p> <p>No dia 06 de junho, o grupo prop&otilde;e-se pensar, com um conjunto de outros artistas, &quot;nos efeitos de desacelerar, adiar, procrastinar ou sabotar&quot;, num evento de dez horas a acontecer no Jardim Bot&acirc;nico de Lisboa, aberto ao p&uacute;blico, seguindo as restri&ccedil;&otilde;es obrigat&oacute;rias no quadro da pandemia.</p> <p>Nesta a&ccedil;&atilde;o a que chamaram &quot;Encontro Duracional Performativo&quot;, pretendem &quot;descobrir outras possibilidades ligadas ao improviso, &agrave; resist&ecirc;ncia, &agrave; escolha, pondo a hip&oacute;tese de uma escola de liberdade de escolha, procurando alternativas &agrave; produtividade, ao &#39;burnout&#39; [esgotamento f&iacute;sico e mental], e &agrave; cativa&ccedil;&atilde;o do tempo de aten&ccedil;&atilde;o ao trabalho&quot;, explicitou a criadora.</p> <p>Improvisadores, artistas e estudantes na &aacute;rea da dan&ccedil;a e da &#39;performance&#39; v&atilde;o ser convidados a estar presentes na maratona em portugu&ecirc;s e ingl&ecirc;s, aberta a todo o p&uacute;blico interessado na improvisa&ccedil;&atilde;o.</p> <p>&nbsp;</p>

Tags:
Partilhar: