A clarinetista portuguesa Virgínia Figueiredo, que vive em Los Angeles, é uma das artistas que gravou música para o filme "Minari", nomeado para o Óscar de Melhor Banda Sonora Original nos prémios da Academia.
<p>A nomeação foi "completamente inesperada", disse à Lusa a música portuguesa, referindo que "será bom para toda a gente se o filme ganhar" na cerimónia que vai decorrer em Los Angeles a 25 de abril.</p> <p>Se vencer, o Óscar será entregue ao compositor Emile Mosseri, responsável pela banda sonora de "Minari", que, aos 35 anos, compete pelo prémio com 'pesos-pesados' da indústria.</p> <p>"Não é todos os dias que acontece tocar numa banda sonora e essa banda sonora é nomeada para os Óscares", frisou a artista. "Principalmente porque o compositor desta banda sonora é relativamente novo, jovem, e estas nomeações normalmente acontecem mais para grandes compositores tipo John Williams, Hans Zimmer e James Newton Howard", sublinhou.</p> <p>Os outros nomeados na categoria são James Newton Howard, por "News of the World" (é a sua nona nomeação), Terence Blanchard, por "Da 5 Bloods", e há uma surpreendente dupla nomeação para Trent Reznor e Atticus Ross, que podem vencer por "Mank" ou por "Soul", neste caso juntamente com Jon Batiste.</p> <p>O nome maior desta lista é o de James Newton Howard, que tem no currículo as bandas sonoras de filmes como "O Príncipe das Marés", "Pretty Woman", "Batman Begins" ou "Jogos da Fome".</p> <p>A inclusão de "Minari" surpreendeu a equipa, precisamente pela robustez da competição.</p> <p>"É difícil competir com grandes produções, que custam milhões de dólares. Isto é uma produção muito mais pequena, é surpreendente que tenham sido nomeados", disse a portuguesa. "Mas a música é fantástica, ele é realmente um compositor muito bom".</p> <p>Trata-se da primeira nomeação para o compositor e uma de seis nomeações aos Óscares de "Minari", película de Lee Isaac Chung sobre uma família coreana em busca do sonho americano.</p> <p>"É um filme que, ao fim e ao cabo, não é uma produção enorme de Hollywood. Não é tipo 'Os Vingadores'. É um filme muito mais pequeno", disse Virgínia Figueiredo. "É interessante estar nomeado".</p> <p>A artista, doutorada em clarinete, gravou a sua atuação na banda sonora num pequeno estúdio em Los Angeles, quando a parte das cordas já tinha sido gravada.</p> <p>Segundo Figueiredo, é habitual os compositores contratarem orquestras para gravar violinos, violoncelos e mais cordas noutras partes do mundo, e depois gravarem os instrumentos de sopro a nível individual em Los Angeles.</p> <p>"Foi o que aconteceu neste caso. Quando fui gravar, a parte das cordas já tinha sido gravada pela orquestra, em Praga, e eu estava a ouvir e a tocar com a orquestra".</p> <p>A artista disse que vai prestar "um bocadinho mais de atenção" à cerimónia de entrega dos Óscares e que tudo pode acontecer, mesmo que seja improvável.</p> <p>"Vai ser um bocado difícil, mas nunca se sabe", disse Figueiredo, notando que "Minari" já venceu vários prémios este ano, desde os Globos de Ouro aos prémios SAG e BAFTA.</p> <p>Em termos de outros projetos, a clarinetista explicou que a cidade de Los Angeles tem estado completamente parada no que toca a concertos, e que só agora surgem os primeiros planos para recomeçar, com várias restrições.</p> <p>A artista tem feito gravações em casa, e participou recentemente na banda sonora de uma nova série de terror da Netflix, que deverá estrear no outono.</p> <p>"Neste momento, a maior parte das gravações que estão a acontecer são as pessoas que gravam em casa", explicou. "Há menos produções e os estúdios não têm autorização para trazer os músicos ao estúdio, há grandes restrições".</p> <p>Radicada em Los Angeles, Virgínia Figueiredo é professora de clarinete em várias faculdades da região.</p>