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‘Amores’ de Mia Couto e Agualusa vão ao palco em Maputo

Chovem amores na rua do matador é uma história escrita por Mia Couto e José Eduardo Agualusa. A versão para o teatro, ainda em construção

<p>Chovem amores na rua do matador &eacute; uma hist&oacute;ria escrita por Mia Couto e Jos&eacute; Eduardo Agualusa. A vers&atilde;o para o teatro, ainda em constru&ccedil;&atilde;o, foi encenada por Clotilde Guirrugo e V&iacute;tor Gon&ccedil;alves, e foi apresentada este s&aacute;bado, no Centro Cultural da Universidade Eduardo Mondlane, na Cidade de Maputo. O ensaio aberto foi restrita &agrave; equipa de produ&ccedil;&atilde;o e a cr&iacute;ticos de arte, para ajudarem a melhorar a pe&ccedil;a.</p> <p>Este 18 de Setembro de 2021 foi reservado ao ensaio aberto de Chovem amores na rua do matador. A pe&ccedil;a foi adaptada para o teatro a partir do texto original de Mia Couto e Jos&eacute; Eduardo Agualusa, uma das narrativas que comp&otilde;e o livro O terrorista elegante e outras hist&oacute;rias.</p> <p>Com aproximadamente 90 minutos de dura&ccedil;&atilde;o, o espect&aacute;culo ainda em progress&atilde;o foi apresentado &agrave; segunda edi&ccedil;&atilde;o do Festival Gala Gala (via online) e foi encenada por Clotilde Guirrugo e V&iacute;tor Gon&ccedil;alves. No universo da hist&oacute;ria, encontra-se um homem chamado Baltazar Fortuna (Hor&aacute;cio Guiamba), que regressa &agrave; Vila Chigovia para matar as tr&ecirc;s mulheres da sua vida, como quem se vinga e tenta apagar um fardo do seu conturbado passado. As mulheres em causa s&atilde;o interpretadas por Josefina Massango, Joana Mbalango, Violeta Mbilane e Angelina Chavango. Para a &uacute;ltima actriz, a experi&ecirc;ncia de participar na pe&ccedil;a foi uma esp&eacute;cie de back the time. E argumenta: &ldquo;Depois de muitos anos sem participar num processo igual, V&iacute;tor Gon&ccedil;alves, que foi o meu professor, desafiou-me a reviver uma t&eacute;cnica que eu j&aacute; havia &lsquo;abandonado&rsquo;. Foi um desafio porque V&iacute;tor Gon&ccedil;alves mant&eacute;m aquela tradi&ccedil;&atilde;o de trabalho em que a primeira coisa a fazer-se &eacute; o trabalho de mesa, que consiste na leitura do texto. N&oacute;s discutimos o texto e as personagens antes mesmo de as conhecer&rdquo;, revelou Angelina Chavango, momentos depois da apresenta&ccedil;&atilde;o da pe&ccedil;a.</p> <p>Naquela sala enorme da Universidade Eduardo Mondlane, devido ao encerramento dos teatros, esteve mais ou menos uma dezena de pessoas, entre as quais os autores de Chovem amores na rua do matador. Felizes pela adapta&ccedil;&atilde;o, os escritores explicaram o que mais os marcou na encena&ccedil;&atilde;o e interpreta&ccedil;&atilde;o dos actores. O primeiro a falar foi Jos&eacute; Eduardo Agualusa: &ldquo;Foi uma excelente surpresa. Sinceramente, n&atilde;o estava &agrave; espera de algo t&atilde;o denso, juntando o lado da com&eacute;dia e o lado tr&aacute;gico. Acho que a pe&ccedil;a acresce muito aquele conto que n&oacute;s escrevemos, acresce muito neste palco, com estes actores e da maneira como foi encenada. Eu gostei muito, muito, muito&rdquo;.</p> <p>Sem ter ouvido a afirma&ccedil;&atilde;o de Agualusa, Mia Couto come&ccedil;ou por dizer o que ao falar da pe&ccedil;a o escritor angolano reservou para o fim, como quem d&aacute; continuidade a um racioc&iacute;nio: &ldquo;Eu gostei muito deste espect&aacute;culo. Para mim, a rela&ccedil;&atilde;o com o teatro &eacute; muito antiga, &eacute; uma rela&ccedil;&atilde;o de escola, em que eu aprendo a escrever melhor e a perceber como &eacute; que a palavra escrita se transforma em voz e como &eacute; que ela ganha a dimens&atilde;o humana. Aqui estou aprendendo uma coisa que para o escritor &eacute; important&iacute;ssima, que &eacute; a conten&ccedil;&atilde;o. Eu sou mais escritor atrav&eacute;s desta partilha que fa&ccedil;o com os actores, que s&atilde;o &oacute;ptimos&rdquo;.</p> <p>Na vers&atilde;o teatral, Chovem amores na rua do matador &eacute; resultado de uma resid&ecirc;ncia art&iacute;stica produzida pela Funda&ccedil;&atilde;o Fernando Leite Couto e pela Escola de Comunica&ccedil;&atilde;o e Artes da Universidade Eduardo Mondlane. A encena&ccedil;&atilde;o foi realizada em colabora&ccedil;&atilde;o com um colectivo composto por profissionais e estudantes de teatro.</p> <p>Embora tenha cinco actores no palco, a pe&ccedil;a precisou de muitos colaboradores, nomeadamente, Sara Machado (figurinos), &Eacute;varo Abreu (cenografia, designer gr&aacute;fico), Pedro da Silva Pinto (som), Quito Tembe (luz), Edmundo Matsiyelana (costureiro), Ant&oacute;nio Leonardo, Leonardo Banze e Patr&iacute;cio Simbine (constru&ccedil;&atilde;o de cen&aacute;rio), Charles e Naftal Nhacume (carpintaria), Arlindo Boca (electricidade), S&eacute;rgio Bambo (serralheiro), Francisco Baloi e Mateus Nhamuche (assistentes de luz).</p> <p>A pe&ccedil;a que na vers&atilde;o final dever&aacute; perder 10 minutos, &eacute;, para V&iacute;tor GON&Ccedil;ALVES, sobretudo &ldquo;uma forma de n&oacute;s procurarmos reflectir um pouco sobre a realidade cultural e social mo&ccedil;ambicanas. Neste caso, encontramos este texto de Mia Couto e Agualusa, o que nos pareceu abordar uma s&eacute;rie de tem&aacute;tica, e ter uma abordagem psicol&oacute;gica que nos pareceu muito interessante. Para n&oacute;s, Chovem amores na rua do matador imp&ocirc;s-se como um texto para tentar descobrir a nossa realidade&rdquo;.</p>

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