As alterações climáticas constituem uma "ameaça existencial" para a vida na Terra, avisou hoje um grupo de eminentes cientistas, em relatório onde analisam os eventos meteorológicos extremos em 2023 e a falta de ação política.
<p>Oestudo, publicado na revista BioScience, examinou 35 "sinais vitais" planetários como a poluição pelo dióxido de carbono (CO2), o consumo de energia e de carne por habitante, a desflorestação pelo fogo ou os dias de calor extremo.</p> <p> </p> <p> </p> <p>Dos 35 indicadores analisados, 20 atingiram níveis recorde em 2023, concluiu o conjunto de cientistas.</p> <p>"Na verdade, estamos chocados com a ferocidade dos fenómenos meteorológicos extremos em 2023. Entrámos em um território desconhecido, que nos assusta", escreveram.</p> <p>Enquanto 223 está em vias de se tornar o ano mais quente alguma vez registado, regiões inteiras sofreram vagas de calor mortíferas, tempestades, inundações, por vezes, sofrendo uma catástrofe a seguir a outra.</p> <p>Quanto aos oceanos, as temperaturas "estão completamente fora dos padrões" desde há meses, sem que os cientistas consigam explicar totalmente o que se está a passar, sublinhou Johan Rockström, diretor do Instituto de Potsdam para a investigação em alterações climáticas (PIK, na sigla em Alemão).</p> <p>Para estes cientistas, a constatação não tem recurso: "A vida na Terra está sob ameaça".</p> <p>Ora, perante esta ameaça, não só as concentrações de gases com efeito de estufa atingem máximos históricos, como os financiamentos das energias fósseis aumentaram acentuadamente.</p> <p>PUBLICIDADE</p> <p> </p> <p>"Temos de mudar o nosso ponto de vista sobre a emergência climática, que não é um problema ambiental, mas uma ameaça sistémica e existencial", afirmou-se no documento, divulgado a um mês da 28.ª Conferência das Partes (COP28) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Aliterações Climáticas, no Dubai.</p> <p>O objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris -- a limitação a um máximo de 1,5 graus centígrados (ºC) da subida da temperatura média global em relação à era pré-industrial -- deve ser medido em vários anos, para ser considerado atingido.</p> <p>Mas este limite já pode esta a ser ultrapassado anualmente, avisou William Ripple, o coautor principal do estudo, o que abre caminho a um círculo vicioso de agravação do aquecimento, como a fusão das calotes polares, o desaparecimento das florestas, o descongelamento dos poços de carbono das terras congeladas, a extinção dos corais...</p> <p>"Uma vez ultrapassados, estes pontos de viragem podem modificar o nosso clima de uma maneira difícil, quiçá impossível, de reverter", avisou este professor na Universidade do Oregon.</p> <p>"Já não vamos conseguir evitar alguns pontos de viragem. Temos de procurar diminuir o desgaste do impacto", acrescentou Tim Lenton, da Universidade de Exeter, à AFP, lembrando a necessidade de reduzir drasticamente as emissões dos gases com efeito de estufa. Isto, porque "cada fração de grau [centígrado] conta e o jogo ainda não acabou".</p> <p>O documento avisou ainda que três mil milhões a seis mil milhões de pessoas podem encontrar-se "fora da zona habitável" do globo até ao final do século.</p> <p> </p> <p>Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2426636/a-vida-na-terra-confronta-se-com-ameaca-existencial-alertam-cientistas</p>