Desde a descoberta de poeira estelar mais antiga do que o sol aos primeiros embriões de tiranossauro, eis algumas descobertas fascinantes deste ano que podem ter passado despercebidas.
<p>Este ano produziu um frenesim de notícias sem precedentes. À medida que a pandemia mortal de <a href="https://www.natgeo.pt/coronavirus" target="_blank">coronavírus</a> se alastrava pelo mundo inteiro, milhares de vidas foram alteradas. Os leitores anteciparam ansiosamente cada pequeno progresso em direção a uma <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/11/a-moderna-pode-ter-uma-vantagem-na-corrida-a-vacina-covid-19-refrigeracao" target="_blank">vacina</a>. Nos EUA, a morte de George Floyd gerou <a href="https://www.natgeo.pt/fotografia/2020/06/estamos-a-sofrer-estamos-a-sofrer-magoa-e-revolta-em-minneapolis" target="_blank">protestos</a> contra a brutalidade policial e o racismo sistémico. A região oeste da América do Norte foi fustigada por incêndios florestais, incluindo <a href="https://www.fire.ca.gov/media/11416/top20_acres.pdf" target="_blank">cinco dos seis</a> maiores incêndios na história da <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/09/os-ceus-alaranjados-que-cobrem-o-norte-da-california-sao-um-pressagio" target="_blank">Califórnia</a> desde 1932, e inúmeros furacões devastaram cidades costeiras – foram tantos furacões que os cientistas ficaram sem nomes para designar as tempestades. Nos últimos meses de 2020, uma <a href="https://www.natgeo.pt/historia/2020/11/eis-o-que-acontece-se-um-presidente-dos-eua-se-recusar-a-abandonar-o-cargo" target="_blank">eleição</a> historicamente divisiva nos EUA dominou as notícias a nível mundial.</p> <p>Contudo, no meio de todos estes eventos cruciais está uma série de descobertas científicas que não receberam a devida atenção. À medida que 2020 chega ao fim, analisamos dez desenvolvimentos significativos que podem ter passado despercebidos.</p> <p><img alt="Explosões de poeira de estrelas envelhecidas, semelhantes às da Nebulosa do Ovo (na imagem), são uma ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/eggnebula_172316main_image_feature_787_ys_full.jpg?w=710&h=414" style="height:414px; width:710px" /></p> <p>Explosões de poeira de estrelas envelhecidas, semelhantes às da Nebulosa do Ovo (na imagem), são uma possível fonte dos grãos antigos que se encontram em meteoritos.</p> <p>FOTOGRAFIA DE NASA, W. SPARKS (STSCI) E R. SAHAI (JPL)</p> <p><img alt="Esta imagem de microscópio eletrónico de varrimento mostra um dos grãos datados neste estudo. No seu ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/image1_sic_grain.jpg?w=315&h=315" style="height:315px; width:315px" /></p> <p>Esta imagem de microscópio eletrónico de varrimento mostra um dos grãos datados neste estudo. No seu comprimento máximo, o grão tem cerca de oito micrómetros de diâmetro – mais pequeno do que a largura de um cabelo humano.</p> <p>FOTOGRAFIA DE HECK ET AL. PNAS 2020</p> <h3><strong>1. O material mais antigo encontrado na Terra é mais antigo que o nosso sistema solar</strong></h3> <p>Milhares de milhões de anos antes de o nosso sol existir, uma estrela moribunda lançou poeira para o espaço. Agora, um pouco dessa <a href="https://www.space.com/stardust-oldest-material-on-earth.html" target="_blank">poeira estelar</a>, entranhada num meteorito que colidiu com a Terra, foi datada como o material mais antigo alguma vez encontrado no nosso planeta. A poeira entranhou-se com outras rochas dentro do que viria a ser o meteorito Murchison, que iluminou os céus da Austrália em setembro de 1969 quando chegou à superfície do nosso planeta.</p> <p>Uma nova <a href="https://www.pnas.org/content/early/2020/01/07/1904573117" target="_blank">análise</a> destas rochas antigas encontrou grãos de poeira estelar que têm entre 4.6 mil milhões de anos e cerca de 7 mil milhões de anos. Os cientistas estimam que estes pedaços de poeira estelar existem apenas em <a href="https://www.smithsonianmag.com/science-nature/meteorite-grains-are-oldest-known-solid-material-on-earth-180973953/" target="_blank">cerca de 5%</a> dos meteoritos, mas isso não os desencorajou de continuar a procurar por estas pistas que contam a história da nossa galáxia.</p> <p><img alt="Esta ilustração mostra a aparência das crias de Tyrannosaurus rex. Os fósseis embrionários descritos recentemente não ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/tyrannosaurus-juvie_01_202010161610_0.jpg?w=710&h=829" style="height:829px; width:710px" /></p> <p>Esta ilustração mostra a aparência das crias de <em>Tyrannosaurus rex</em>. Os fósseis embrionários descritos recentemente não pertenciam ao <em>T. rex</em>, mas sim a uma espécie anterior de tiranossauro relacionado que ainda não foi identificada.</p> <p>FOTOGRAFIA DE JULIUS CSOTONYI (ILUSTRAÇÃO)</p> <h3><strong>2. Foram descobertos os primeiros embriões de tiranossauro</strong></h3> <p>Investigadores identificaram os <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/10/revelados-os-primeiros-fosseis-de-embrioes-de-tiranossauro" target="_blank">restos mortais de tiranossauros</a> tão jovens que ainda nem sequer tinham eclodido. Esta descoberta surgiu de fósseis encontrados em dois sítios diferentes – uma garra de uma pata desenterrada em 2018 na Formação de Horseshoe Canyon em Alberta, no Canadá, e um maxilar inferior recuperado em 1983 na Formação Two Medicine de Montana. As análises destes espécimes, que têm entre 71 e 75 milhões de anos, revelaram que os tiranossauros começavam a sua vida surpreendentemente pequenos, medindo cerca de um metro de comprimento – aproximadamente o tamanho de um Chihuahua, mas com uma cauda muito longa. Este comprimento é apenas cerca de um décimo dos seus equivalentes adultos e pode ajudar a explicar por que razão os investigadores ainda não encontraram outros exemplos destes dinossauros minúsculos – a maioria dos cientistas simplesmente não estava à procura de um predador tão pequeno.</p> <p><img alt="Esta ilustração mostra a sonda InSight em Marte. A sonda InSight, cujo nome é uma abreviatura ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/02_mars_pia22226_0.jpg?w=710&h=947" style="height:947px; width:710px" /></p> <p>Esta ilustração mostra a sonda InSight em Marte. A sonda InSight, cujo nome é uma abreviatura de Exploração Interior através de Investigações Sísmicas, Geodesia e Transporte de Calor, foi projetada para escutar a atividade tectónica e os impactos de meteoritos, estudar a quantidade de calor que ainda flui pelo planeta vermelho e rastrear a oscilação de Marte enquanto este orbita o sol.</p> <p>FOTOGRAFIA DE NASA / JPL-CALTECH (ILUSTRAÇÃO)</p> <h3><strong>3. Marte emite um zumbido estranho e os cientistas não sabem porquê</strong></h3> <p>Em novembro de 2018, uma sonda chegou à superfície fria e empoeirada de Marte para sentir o pulso do planeta. Conhecido por módulo de aterragem InSight, este geólogo robótico transmitiu recentemente para a Terra algumas das suas primeiras descobertas, entusiasmando e deixando os cientistas do mundo inteiro perplexos. Entre as curiosidades está um zumbido marciano – um <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/03/marte-emite-um-zumbido-estranho" target="_blank">zumbido silencioso</a> e constante que parece pulsar ao som dos sismos marcianos que abanam o planeta.</p> <p>A origem do zumbido permanece desconhecida. A Terra tem muitas destas vibrações de fundo, desde o rugido dos ventos ao bater das ondas na costa. Mas a melodia de Marte reverbera com um tom mais elevado do que a maioria dos zumbidos naturais na Terra. Talvez a geologia por baixo da sonda amplifique um tom particular, ou a própria sonda possa estar a gerar este ruído. “É extremamente intrigante”, disse em fevereiro à <em>National Geographic</em> <a href="https://science.jpl.nasa.gov/people/Banerdt/" target="_blank">Bruce Banerdt</a>, investigador principal da missão InSight.</p> <p><img alt="Esta imagem de Betelgeuse, uma das estrelas mais brilhantes no céu, é uma composição colorida feita ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/01_betelgeuse_eso0927e_0.jpg?w=710&h=533" style="height:533px; width:710px" /></p> <p>Esta imagem de Betelgeuse, uma das estrelas mais brilhantes no céu, é uma composição colorida feita a partir de exposições captadas pelo projeto Digitized Sky Survey 2.</p> <p>FOTOGRAFIA DE ESO / DIGITIZED SKY SURVEY 2 (COMPOSIÇÃO). AGRADECIMENTO: DAVIDE DE MARTIN</p> <h3><strong>4. O estranho comportamento da estrela Betelgeuse foi finalmente desvendado</strong></h3> <p>A estrela Betelgeuse está geralmente entre as estrelas mais brilhantes no céu, mas em dezembro de 2019, o seu brilho intenso desvaneceu misteriosamente. Esta alteração dramática deixou os cientistas inquietos: talvez Betelgeuse estivesse no final da sua vida e pudesse explodir numa supernova mais brilhante do que a lua cheia. Ainda assim, em agosto deste ano, a NASA avançou com uma <a href="https://www.nasa.gov/feature/goddard/2020/hubble-finds-that-betelgeuses-mysterious-dimming-is-due-to-a-traumatic-outburst/" target="_blank">explicação</a> muito menos extraordinária para a face repentinamente sombreada da estrela: a estrela tinha “arrotado”.</p> <p>As observações do Telescópio Espacial Hubble revelaram que a estrela tinha provavelmente enviado um jato extremamente quente de plasma que arrefeceu quando se espalhou. Este processo formou uma nuvem de poeira estelar que pode ter bloqueado a luz de Betelgeuse, ofuscando a sua observação a partir da Terra. A estrela regressou ao seu brilho normal nesta primavera – portanto, os observadores estelares vão ter de esperar pela sua morte fogosa.</p> <p><img alt="Há cerca de 110 milhões de anos, onde atualmente fica o noroeste de Alberta, o nodossauro ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/borealopelta_0.jpg?w=710&h=592" style="height:592px; width:710px" /></p> <p>Há cerca de 110 milhões de anos, onde atualmente fica o noroeste de Alberta, o nodossauro <em>Borealopelta markmitchelli</em> comia fetos numa paisagem recentemente queimada – uma imagem detalhada que foi fornecida pelo novo estudo do seu conteúdo estomacal.</p> <p>FOTOGRAFIA DE JULIUS CSOTONYI (ILUSTRAÇÃO)</p> <h3><strong>5. Detalhes incríveis da última refeição de um ‘dinossauro blindado’</strong></h3> <p>A metade frontal extremamente bem preservada de um <a href="https://www.natgeo.pt/photography/2017/12/nodossauro-o-fossil-de-dinossauro-mais-impressionante-alguma-vez-encontrado?image=01-MM8543_161220_00907" target="_blank">dinossauro blindado</a> com 110 milhões de anos – placas ósseas, escamas e não só – surpreendeu e encantou os cientistas depois de ter sido descoberta acidentalmente em 2011 por um operador de máquinas pesadas que trabalhava numa mina de areias petrolíferas em Alberta. Mas, em 2020, esta criatura pontiaguda revelou mais informações, quando uma análise detalhou que a <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/06/ultima-refeicao-de-dinossauro-blindado-preservada-com-detalhes-impressionantes" target="_blank">última refeição</a> deste animal também tinha ficado preservada no seu estômago.</p> <p>Este dinossauro era um nodossauro, um tipo de anquilossauro, mas não tinha a cauda espinhosa de alguns dos seus primos. A bola de vegetação fossilizada no estômago deste nodossauro revelou que, algumas horas antes da sua morte, o animal comeu maioritariamente um tipo específico de feto selecionado a partir de uma variedade de plantas disponíveis. Os anéis dos ramos lenhosos comidos juntamente com os fetos revelaram que o nodossauro provavelmente morreu durante o verão. Embora seja apenas uma só refeição, esta descoberta fornece uma visão excecional das horas finais da vida de uma criatura há mais de cem milhões de anos.</p> <p><strong>6. O segundo maior surto de Ébola finalmente terminou</strong></p> <p>No dia 25 de junho, a Organização Mundial de Saúde <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/04/o-segundo-maior-surto-de-ebola-da-historia-pode-ter-finalmente-terminado" target="_blank">declarou</a> o fim do segundo maior surto de Ébola, que infetou <a href="https://www.who.int/emergencies/diseases/ebola/drc-2019" target="_blank">mais de 3480 pessoas e matou quase 2300</a>. Conhecido por surto de Kivu, este evento começou em agosto de 2018 com um grupo de casos perto de Kivu, no leste da República Democrática do Congo. O Ébola é uma febre hemorrágica que tem uma <a href="https://www.cdc.gov/vhf/ebola/symptoms/index.html" target="_blank">série de sintomas</a> – incluindo hemorragias, febre, dores de estômago, fraqueza e erupções cutâneas – e é transmitido pelo <a href="https://www.cdc.gov/vhf/ebola/transmission/index.html" target="_blank">contacto direto</a> com uma pessoa infetada, contacto com o sangue de um animal ou fluidos corporais. Conter a doença em Kivu foi particularmente difícil devido à agitação dos habitantes locais, que suspeitavam das verdadeiras intenções de quaisquer governo ou organização internacional. No entanto, munidos com uma nova vacina, os profissionais de saúde, liderados por Michael Yao, da OMS, lançaram uma campanha para vacinar qualquer pessoa que pudesse estar exposta. Ao melhorar também o envolvimento da comunidade, este esforço levou à vacinação de mais de 300.000 pessoas.</p> <p>“Devemos celebrar este momento, mas não podemos cair no erro da complacência”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em <a href="https://www.who.int/news/item/25-06-2020-10th-ebola-outbreak-in-the-democratic-republic-of-the-congo-declared-over-vigilance-against-flare-ups-and-support-for-survivors-must-continue" target="_blank">comunicado de imprensa</a>. “Os vírus não fazem pausas.” No início de junho surgiu outro surto (agora contido) perto da província de Équateur da República Democrática do Congo.</p> <p><img alt="Fragmentos cranianos de um Homo erectus foram descobertos na África do Sul – a primeira vez ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/01_hominin_ng_0.jpg?w=710&h=646" style="height:646px; width:710px" /></p> <p>Fragmentos cranianos de um <em>Homo erectus</em> foram descobertos na África do Sul – a primeira vez que esta espécie foi encontrada nesta região.</p> <p>FOTOGRAFIA DE HERRIES ET AL., SCIENCE 368:47 (2020)</p> <h3>7. Encontrado o crânio mais antigo de um <em>Homo erectus</em></h3> <p>Extraídos de rochas a noroeste de Joanesburgo, na África do Sul, os pedaços cranianos pareciam inicialmente pertencer a um antigo babuíno. Mas, à medida que Jesse Martin e Angeline Leece, ambos alunos da Universidade La Trobe, na Austrália, foram montando as peças, perceberam que tinham em mãos a primeira caixa craniana de um <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/04/cranios-fosseis-reescrevem-historia-de-dois-antepassados-humanos" target="_blank"><em>Homo erectus</em></a> alguma vez encontrada na África Austral. Datado de há cerca de dois milhões de anos, o crânio também se destaca por ser o vestígio mais antigo deste antepassado humano. “Acho que os nossos supervisores só acreditaram em nós quando vieram ver por eles próprios”, disse Jesse Martin à <em>National </em>Geographic na primavera. Esta descoberta ajuda os investigadores a continuar a decifrar os emaranhados da nossa árvore genealógica, descobrindo quando e onde é que surgiu o nosso anfitrião de parentes antepassados.</p> <p> </p> <p><img alt="Reconstrução de um local de nidificação do Hypacrosaurus stebingeri na formação Two Medicine de Montana. Ao ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/01_dna_hypacrosaurus-rothman.jpg?w=1600&h=763" style="height:763px; width:1600px" /></p> <p>Reconstrução de um local de nidificação do <em>Hypacrosaurus stebingeri</em> na formação Two Medicine de Montana. Ao centro da imagem, uma cria morta de <em>Hypacrosaurus</em> tem a parte de trás do seu crânio embebida em águas rasas. Um adulto é retratado à direita.</p> <p>FOTOGRAFIA DE MICHAEL ROTHMAN (ILUSTRAÇÃO)</p> <h3><strong>8. Vestígios do primeiro ADN de dinossauro</strong></h3> <p>No filme <em>Parque Jurássico</em>, isolar ADN de um dinossauro é tão simples quanto extrair sangue de um antigo mosquito envolto em âmbar. Embora ainda estejamos longe de recriar esse momento de ficção científica, os investigadores deram um salto enorme no estudo de ADN fossilizado. Ao estudar fósseis bem preservados, com mais de 70 milhões de anos, uma equipa <a href="https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/03/vestigios-de-adn-fossil-descobertos-em-cranio-de-dinossauro" target="_blank">identificou</a> os contornos das células, formas que podem ser cromossomas e vários núcleos possíveis – as estruturas que abrigam o ADN. Contudo, não extraíram ADN das células fósseis, e ainda não é possível confirmar se o material é ADN inalterado ou outro subproduto genético. Mas é uma visão empolgante dos detalhes mais subtis que a fossilização consegue preservar. “As possibilidades são absolutamente emocionantes”, disse em março à <em>National Geographic </em>David Evans, paleontólogo do Museu Real de Ontário que não participou no estudo.</p> <p><img alt="Cientistas comparam notas sobre a estratigrafia da Caverna Chiquihuite, em preparação para a recolha de amostras ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/03-chiquihuite-cave-mexico_0.jpg?w=710&h=474" style="height:474px; width:710px" /></p> <p>Cientistas comparam notas sobre a estratigrafia da Caverna Chiquihuite, em preparação para a recolha de amostras de vestígios de ADN de plantas e animais nos sedimentos.</p> <p>FOTOGRAFIA DE DEVLIN GANDY</p> <h3><strong>9. Descoberta surpreendente em caverna pode colocar a presença de humanos nas Américas há 30 mil anos</strong></h3> <p>Os objetos de pedra recuperados nas profundezas da <a href="https://www.natgeo.pt/historia/2020/08/descoberta-surpreendente-caverna-pode-colocar-presenca-de-humanos-americas" target="_blank">Caverna Chiquihuite</a>, no México, sugerem que os humanos podem ter chegado às Américas há 30.000 anos – quase o dobro do tempo que se estimava anteriormente. Esta data é muito debatida entre os arqueólogos, com muitos especialistas a colocarem inicialmente a primeira presença de humanos nas Américas há cerca de 13.500 anos, conforme os mantos de gelo recuavam e as rotas de migração da Ásia se abriam. Mas as evidências recentes empurram a data de chegada de humanos em milhares de anos. E a nova análise dos artefactos de pedra, incluindo lâminas, pontas de projéteis e lascas de rocha, intercalados com pedaços de carvão que foram datados de há cerca de 30.000 anos, sugere que os humanos provavelmente chegaram às Américas antes de os glaciares começarem a derreter.</p> <p>O estudo da caverna sugere que esta pode ter sido habitável há dezenas de milhares de anos, já que a região provavelmente era muito mais fria, húmida e verdejante do que é atualmente. No entanto, não foram encontrados restos mortais humanos, e o novo estudo está a gerar muita controvérsia entre os cientistas. “A principal contribuição de Chiquihuite é a de trazer outra luz minúscula, outro sinal minúsculo, de que há algo ali”, disse em julho à <em>National Geographic</em> o autor principal do artigo, <a href="https://www.researchgate.net/profile/Ciprian_Ardelean2" target="_blank">Ciprian Ardelean</a>, arqueólogo da Universidade Autónoma de Zacatecas.</p> <p><img alt="A torre de coral recém-descoberta, com cerca de 500 metros de altura, vem juntar-se a outros ..." src="https://static.natgeo.pt/files/styles/image_3200/public/crop_side-mapping-profile-of-new-500-m-detached-reef-credit-schmidt-ocean-institute.jpg?w=710&h=423" style="height:423px; width:710px" /></p> <p>A torre de coral recém-descoberta, com cerca de 500 metros de altura, vem juntar-se a outros sete recifes conhecidos por “recifes separados”, a norte da Grande Barreira de Coral.</p> <p>FOTOGRAFIA DE INSTITUTO OCEAN SCHMIDT</p> <h3><strong>10. Um recife mais alto do que o Empire State Building</strong></h3> <p>A bordo do navio de investigação <em>Falkor, </em>do Instituto Ocean Schmidt, uma equipa de cientistas australianos estava a mapear o fundo do mar, a norte da Grande Barreira de Coral, quando descobriu um <a href="https://schmidtocean.org/australian-scientists-discover-500-meter-tall-coral-reef-in-the-great-barrier-reef-first-to-be-discovered-in-over-120-years/" target="_blank">arranha-céus de corais</a> com cerca de 500 metros de altura – o primeiro do seu tipo descoberto em mais de 120 anos. Esta torre de coral, conhecida por “recife separado”, é uma das oito agora conhecidas na região. Estas estruturas naturais fornecem habitats vitais para criaturas como tartarugas e tubarões, que entram e saem das águas profundas adjacentes à Grande Barreira de Coral. A equipa mapeou o recife separado, encontrando uma <a href="https://www.nytimes.com/2020/10/30/science/great-barrier-reef-new-coral.html" target="_blank">variedade de formas de vida</a> a prosperar no seu ecossistema. Foram recolhidas amostras de rochas, sedimentos e de alguns organismos que serão enviadas para análises laboratoriais.</p> <p>Embora seja provável que surjam mais detalhes sobre este recife, os taxonomistas que estudam as imagens e os vídeos da estrutura já identificaram várias novas espécies de peixes. Wendy Schmidt, cofundadora do Instituto Ocean Schmidt, disse em comunicado de imprensa que esta descoberta faz parte de uma revolução na ciência marinha: “Graças às novas tecnologias, que funcionam nas profundezas do oceano como os nossos olhos, ouvidos e mãos, temos a capacidade de explorar como nunca.”<br /> </p> <p><em>Este artigo foi publicado originalmente em inglês no </em><em>site<em> </em></em><a href="http://nationalgeographic.com/" target="_blank"><em>nationalgeographic.com</em></a></p>