Com fanpages lotadas e forte presença nas redes sociais, as startups estão sempre dando o que falar, mas, se há um segmento que realmente sacudiu o mercado, foi o fenômeno fintech.
As empresas que ganharam sucesso por casar a tecnologia com soluções financeiras prometem mudar completamente a maneira como lidamos com o nosso dinheiro.
Com mais de 370 startups do segmento em atividade, o Brasil se destaca no cenário mundial como o maior ecossistema de fintechs da América Latina.
Uma turma de respeito, liderada pela prestigiada Nubank, recentemente eleita melhor instituição financeira do país e uma das melhores do mundo no ranking World’s Best Banks 2019, promovido pela Forbes.
Mas o que, de fato, é uma fintech, como elas estão conseguindo se destacar frente a antigos bancos tradicionais e que tipo de futuro elas nos reservam? Continue a leitura para conferir tudo isso em um só post!
O termo fintech nasceu a partir da união das palavras em língua inglesa “financial” e “technology”, ou seja, são empresas que utilizam a tecnologia para oferecer serviços financeiros inovadores e otimizados.
Esse modelo de negócio ganhou maior destaque após a crise de 2008, momento em que a credibilidade de grandes instituições financeiras internacionais foi posta em xeque e os consumidores passaram a exigir mais eficiência e transparência nesse tipo de serviço.
Somado a esses eventos, estamos observando uma grande mudança de comportamento nos indivíduos. Hoje, o mundo respira informação e tecnologia, e o uso de aplicativos e plataformas digitais nunca foi tão comum.
Nesse contexto, pode-se dizer as fintechs chegaram no momento certo ou são uma consequência inevitável do mundo moderno.
De qualquer forma, podemos listar alguns ingredientes indispensáveis na receita dessas companhias: foco em tecnologia, especialização, inovação e otimização.
A principal característica de uma fintech é uso extremamente eficaz da tecnologia. Todas essas startups se tornaram conhecidas por reunirem todas as suas funcionalidades em plataformas virtuais intuitivas e aplicativos de smartphone.
Tarefas que, no passado, exigiam horas de fila, conversa e negociação, agora, podem ser resolvidas em poucos cliques na palma da mão. O interessante é que essas funcionalidades chegaram até nós de uma maneira tão sutil que mal paramos para pensar no imenso salto tecnológico que elas representam.
Faz parte da rotina atual assistir a filmes, fazer compras, chamar um motorista ou pagar as contas pelo celular. Porém, o acesso amplo a toda essa variedade de serviços mobile só se tornou realidade nos últimos 5 anos!
Diferente dos bancos tradicionais que oferecem uma gama enorme de serviços, as fintechs se especializam em nichos de mercado.
Assim, em vez de tentar abraçar o mercado como um todo, elas concentram seus esforços em áreas específicas para entregar a melhor solução possível.
Essa é uma característica essencial das startups que, embora tenha surgido como consequência de limitações financeiras e estruturais, acabou se tornando um dos pontos mais fortes dessas empresas em todo o mundo.
Isso não significa que todas as fintechs sejam, obrigatoriamente, especialistas em um único tipo de serviço, mas, em geral, elas são focadas em um conjunto específico de necessidades do consumidor, e nada impede que elas expandam suas atividades diante do seu eventual amadurecimento no mercado.
Inovar não é mais um luxo para empresas, e sim uma obrigação. Em tempos de transformação digital, em que as pessoas são bombardeadas por novidades todos os dias, qualquer tipo de produto ou serviço pode se tornar obsoleto da noite para o dia.
As empresas nunca se esforçaram tanto para entregar novidades para seus clientes. As fintechs, entretanto, esbanjam enorme vantagem nesse sentido, uma vez que elas representam o “novo” por si só na maioria dos casos.
Esse segmento de startups talvez tenha sido o que mais trouxe inovações disruptivas para a rotina das pessoas, e não é à toa que elas já são consideradas as principais responsáveis por uma verdadeira revolução financeira que preocupa bancos do mundo inteiro.
A tecnologia é o grande palco onde as melhorias e avanços oferecidos pelas fintechs se desdobram, porém, o que conferiu o seu tamanho sucesso foram as facilidades que proporcionaram aos consumidores.
A maior parte dos serviços oferecidos por essas empresas já é conhecida. O que realmente chama atenção é a maneira como eles são disponibilizados e, principalmente, a otimização no que diz respeito a cadastro, atendimento, usabilidade e resolução de problemas.
Além de valorizar e poupar o tempo dos seus clientes ao simplificarem procedimentos complexos, as fintechs geralmente cobram menos, justamente, porque contam com uma estrutura mais enxuta e centralizam suas atividades em operações totalmente online.
Talvez você não tenha percebido, ou ainda não tenha parado para analisar, mas a economia passa por um grande processo de mudanças que já é encarado como a 4ª Revolução Industrial, um fenômeno que promete transformar profundamente a maneira como trabalhamos, vivemos e nos relacionamos.
Se, no final do século 17, as máquinas a vapor foram as grandes protagonistas do espetacular crescimento produtivo das fábricas, hoje, são as plataformas digitais e os programas de automatização os responsáveis por mudar radicalmente a aquisição de bens e a prestação de serviços.
Inserido nessa temática, está o conceito idealizado por Philip Kotler, uma das mais influentes autoridades do marketing moderno, chamado de Marketing 4.0, que descreve o atual esforço dos empreendedores em atender públicos cada vez mais exigentes e distraídos em ambientes hiperconectados.
Esse processo de transformação digital não é exatamente uma novidade, porém, tem se tornado cada dia mais urgente para empresas de todos os segmentos.
Assim como testemunhamos a digitalização da indústria audiovisual e fonográfica, caminhamos em direção a um mundo no qual todas as operações financeiras serão computadorizadas.
Atualmente, no Brasil, os 4 maiores bancos concentram quase 80% do crédito disponível no mercado, uma supremacia que não costuma favorecer o consumidor, que, na maioria das vezes, fica refém de serviços questionáveis e cobranças abusivas.
Essas instituições sempre foram tidas como imbatíveis devido ao seu imenso corpo empresarial, entretanto, as fintechs estão provando que modelos de negócio inovadores são capazes de fazer pequenas startups darem trabalho a grandes corporações.
A principal vantagem de qualquer fintech está em sua essência: são empresas que nasceram digitais e com uma comunicação focada nas novas gerações.
Em contrapartida, a própria dimensão dos bancos e a complexidade das suas operações dificulta a modernização.
Ainda assim, é improvável que a tecnologia torne as instituições bancárias tradicionais obsoletas, como fez com os filmes fotográficos, a indústria de discos ou as locadoras, mas algumas pesquisas têm apontado nessa direção.
O relatório do Banco Goldman Sachs revelou que 33% dos jovens nascidos entre 1980 e 2000 nos Estados Unidos já acreditavam que não precisariam ter contas em bancos dentro de 5 anos.
Em outro levantamento, esse realizado pela PwC (PricewaterhouseCoopers), foi constatado que 3 em cada 4 bancos consideram o avanço das fintechs uma ameaça. O futuro, portanto, é incerto, mas o lado bom é que, independentemente do resultado, quem sairá ganhando nessa disputa é o consumidor.
Existem fintechs focadas em atividades bastante particulares, enquanto outras oferecem um verdadeiro leque de serviços. Entre as principais soluções financeiras oferecidas pelas startups, podemos citar algumas bastante procuradas.
Buscando simplificar processos de compra e venda, fintechs oferecem plataformas de pagamento, máquinas de cartão sem mensalidade, ou cartões de crédito sem anuidade, entre outras vantagens.
Essas estão entre as funcionalidades mais comuns disponibilizadas pelas fintechs.
Outro serviço responsável por popularizar muitas startups desse setor é a disponibilização de empréstimos com menos burocracia e juros mais baixos.
As fintechs também são conhecidas por reeducar os consumidores sobre o mercado e a administração pessoal de finanças.
Nesse sentido, algumas empresas são focadas na orientação e gestão financeira para pessoas físicas ou empresas.
Com uma abordagem parecida com as plataformas de controle financeiro, as fintechs de investimento trabalham com a educação de clientes e gerenciamento do seu capital em aplicações.
Fintechs podem disponibilizar serviços de seguro de forma simplificada por valores muito mais acessíveis em relação às empresas comuns.
O crowdfunding, conhecido no Brasil pelas campanhas de financiamento coletivo, se tornou uma grande tendência pelo mundo, motivando empresas para que criem plataformas para captação de investimentos voltados para causas sociais ou projetos particulares.
Antenadas no desempenho das criptomoedas no mercado, fintechs prestam serviços exclusivos nessa área. Algumas disponibilizam até mesmo plataformas de trader completas para operar Bitcoin e outros criptoativos.
Um dos principais motivos para as fintechs sempre darem o que falar em pesquisas, blogs e jornais não está apenas relacionado ao serviço prestado, mas ao tratamento dado ao cliente.
Várias startups conseguiram o que a maioria dos bancos nunca conseguiu: a apreciação do público. E algumas vantagens ajudam a ilustrar a razão disso.
Provavelmente, o primeiro benefício que atrai cada vez mais pessoas para uma fintech é a possibilidade de resolver tudo — ou quase tudo — pela internet e de forma segura, muitas vezes, em um único aplicativo.
O consumidor brasileiro está acostumado a lidar com muita burocracia no dia a dia. Uma empresa capaz de prestar serviços de maneira clara e simplificada representa uma oportunidade deeconomizar tempo e energia.
A principal razão para as fintechs incomodarem tanto as companhias tradicionais é oferecer produtos e serviços de alta qualidade por preços muito mais atrativos ao consumidor 4.0.
Embora as operações financeiras digitais já façam parte da rotina de muita gente, os serviços prestados pelas fintechs nos dão um gostinho do que o futuro nos reserva.
Como elas estão sempre apresentando novidades e antecipando tendências, essas empresas também são uma boa pedida para quem gosta de se manter antenado.
O mercado das fintechs está fervendo em todo o mundo com representantes de peso na China, EUA e Brasil, que não poderiam ficar de fora deste artigo.
De acordo com o relatório Leading Global Fintech Innovators 2018, produzido pela KPMG e pela H2 Ventures, a China tem a startup mais inovadora do planeta nesse segmento. Já o Brasil estreia na lista no 7º lugar.
Veja algumas das maiores fintechs do mundo, a seguir.
A maior fintech do planeta tem apenas 5 anos, é avaliada em 150 bilhões de dólares e promete acabar de vez com o papel-moeda nas ruas da China.
A Ant Financial faz parte da gigante Alibaba e já tem votos de que se tornará a primeira empresa de internet a bater a marca de 1 trilhão.
A proposta da fintech chinesa é universalizar o acesso a serviços financeiros disponibilizando uma plataforma, a Alipay, para pagamentos e realização de empréstimos via mobile.
Uma das funcionalidades que mais chama a atenção é a operação para obtenção de crédito inteiramente realizada por inteligência artificial.
Os Estados Unidos concentram o maior número de fintechs do planeta. Entre elas, está a SoFi, a 5ª startup mais inovadora do segmento em 2018 e primeira representante norte-americana no ranking.
A financeira fornece produtos de empréstimo como crédito estudantil, refinanciamentos, hipotecas e empréstimos pessoais.
Seu diferencial está na abordagem inovadora com que avalia seus clientes, adotando fatores-chave que garantam uma análise global do indivíduo. Em 2018, a empresa também passou a oferecer uma conta corrente e um cartão de débito.
A queridinha do público jovem brasileiro, que se consagrou em 2018 como o terceiro unicórnio brasileiro (empresa avaliada em mais de US$1 bilhão), foi classificada como a 7ª fintech mais inovadora do mundo em 2018. A lista também conta com outras empresas do Brasil, como GuiaBolso e Geru.
A startup que começou oferecendo apenas um cartão de crédito sem anuidade, o famoso roxinho, agora, oferece um programa de pontos, uma conta de pagamentos totalmente digital, pagamentos em débito e, mais recentemente, anunciou que está disponibilizando um serviço de empréstimo pessoal para seus clientes.
Logo no primeiro contato com a fintech, fica claro o abismo entre o seu estilo de comunicação em relação a um banco tradicional.
Longe da frieza e impessoalidade esperada em prestadores de serviço da área, a Nubank se destaca por ser uma empresa pra lá de atenciosa com o cliente, com um atendimento profundamente humanizado.
Talvez o grande insight por trás do sucesso de tantas companhias jovens não seja a tecnologia adotada ou a atividade exercida pela fintech, mas um novo olhar sobre os indivíduos e o mercado.
As inovações não vão parar de chegar e, nesse cenário, sairá na frente quem souber gerir melhor a constelação de fatores e acontecimentos que compreendem essa grande revolução digital.
E, por falar nisso, você já parou para pensar em como a transformação digital e o mercado SaaS atuam mutuamente? Continue no blog e entenda!