Um estudo da Universidade Estadual do Dakota do Sul, nos Estados Unidos, mostra como os grãos de café usados podem ser transformados em películas biodegradáveis – um material que poderá um dia substituir os plásticos.
<p>Os plásticos são fortes, flexíveis e relativamente baratos de produzir, o que faz deles um material quase “perfeito” para embalagens. No entanto, representam um grave problema ambiental. Embora recicláveis, a maioria dos plásticos acaba como lixo ou em aterros sanitários, onde demoram 700 anos a biodegradar-se. Vários estudos encontraram resíduos de plástico em órgãos humanos, como os pulmões e o coração.</p> <p>“Os plásticos constituem uma vasta gama de materiais projectados para satisfazer muitas necessidades diárias”, afirma o professor associado do Departamento de Laticínios e Ciência Alimentar, Srinivas Janaswamy. “A substituição de todos os plásticos existentes está longe de ser possível nesta fase. No entanto, a permuta dos plásticos convencionais de baixo custo utilizados diariamente, que ocupam a fracção mais considerável dos contaminantes ambientais, é viável e pode ser alcançada”, acrescenta.</p> <p>a d v e r t i s e m e n t</p> <p><a href="https://www.morep.com/" target="_blank"><img alt="" src="https://www.diarioeconomico.co.mz/wp-content/uploads/2023/11/Iphone-620-x-620-2.jpeg" style="height:800px; width:800px" /></a></p> <p>Nos últimos anos, Janaswamy tem concentrado os seus esforços de investigação na criação de alternativas biodegradáveis ao plástico, muitas vezes a partir de subprodutos agrícolas. A título de exemplo, já produziu películas a partir de cascas de abacate ricas em celulose e de resíduos de milho. O seu último desafio é utilizar borras de café.</p> <p>As borras de café estão amplamente disponíveis, com milhões de toneladas produzidas todos os anos. A maioria acaba em aterros sanitários. À medida que as economias emergentes começam a adicionar cadeias de cafetarias, a quantidade de borras de café gastas só irá aumentar.</p> <p>De acordo como o portal <em>Ciclo Vivo</em>, a utilização deste recurso é uma solução sustentável e económica para a crise do plástico. Além disso, as borras de café usadas contêm fibras lignocelulósicas, o material necessário para fazer as películas. Para a preparação destas, a equipa de investigação começou por extrair as fibras lignocelulósicas dos grãos de café usados. De seguida, foi implementado um processo de modificação química, amigo do ambiente, para tornar a película mais adequada para a embalagem.</p> <p>As películas resultantes foram capazes de se biodegradar em 45 dias no solo, tendo, ao mesmo tempo, uma elevada resistência à tracção. Tinham também algumas propriedades únicas que os investigadores observaram: “curiosamente, estas películas podem bloquear quantidades significativas de radiação Ultra Violeta (UV) e apresentar propriedades antioxidantes”, explica o investigador. “Acredito sinceramente que o resultado desta investigação abre novas aplicações para borras de café”.</p> <p>Embora esta ainda deva ser considerada a “primeira fase” da transformação das borras de café em películas, os resultados do estudo mostraram-se promissores. “O potencial para substituir as películas de plástico dos grãos de café usados, que são amplamente descartados, mas abundantes e sustentáveis, permanece ileso e estimulante para a criação de valor”, concluiu Janaswamy.</p> <p>O estudo, intitulado “Filmes biodegradáveis, bloqueadores de UV e antioxidantes de fibras lignocelulósicas de borra de café gasto”, foi publicado no <em>International Journal of Biological Macromolecules. </em></p> <p> </p> <p>Fonte: https://www.diarioeconomico.co.mz/2024/01/02/trends/sustentabilidade/universidade-americana-desenvolve-peliculas-biodegradaveis-com-borras-de-cafe/</p>