O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, disse que a má nutrição no país está relacionada com a pobreza, com a cultura e a educação e que esta é a sua principal bandeira porque as crianças são o futuro.
<p>Oproblema da má nutrição está relacionado com a "pobreza, mas também com a questão cultural e educacional", explicou o chefe de Estado timorense, numa entrevista a propósito dos 25 anos do referendo que levou à independência de Timor-Leste, que se assinalam em 30 de agosto.</p> <p> </p> <p>Dados do Programa Alimentar Mundial (PAM) indicam que cerca de 360.000 pessoas em Timor-Leste, com 1,3 milhões de habitantes, enfrentam níveis críticos de insegurança alimentar.</p> <p>O Banco Mundial recomendou recentemente a Timor-Leste que aumente o investimento para reduzir a fome, a subnutrição e o atraso no crescimento infantil para melhorar o capital humano do país e consequente desenvolvimento económico.</p> <p>"Há muitas famílias com muitos animais domésticos, gado bovino, centenas de búfalos, de cabritos, porcos. Uma família mais educada, mais sensível planearia para dar de comer às crianças, à casa, regularmente com o que tem, mas muitos não o fazem", disse José Ramos-Horta.</p> <p>Por outro lado, segundo o prémio Nobel da Paz, "matam cinco ou 10 búfalos num casamento ou num funeral e depois passam meses sem comer um bocado de carne".</p> <p>José Ramos-Horta explicou que também há desconhecimento sobre nutrição e que no tempo da ocupação indonésia criaram o hábito de comer arroz, que é menos nutritivo que o milho, e as massas de 0,25 dólares que é só misturar água.</p> <p>O Presidente lamentou também a falta de água potável para a população e de condições de higiene.</p> <p>"Tudo isso leva a problemas de infeções nos intestinos e estômago", disse.</p> <p>Segundo o PAM, 47% das crianças menores de cinco anos sofrem de atraso no crescimento.</p> <p>"É a minha campanha principal, porque é uma questão humana, ética e moral, mas não só, é o futuro do país, essas crianças são o futuro do país e têm de ser crianças sãs e bem-educadas", salientou o chefe de Estado.</p> <p>Questionado sobre quais as maiores conquistas do país nos últimos 25 anos, José Ramos-Horta destacou a liberdade de imprensa e a democracia.</p> <p>"Estas são as melhores conquistas", disse, mas enumerou também a eletrificação do país, a construção de estradas, a formação de médicos e enfermeiros, a formação de quadros, bem como o aumento da esperança média de vida.</p> <p>Sobre a emigração dos jovens timorenses, o chefe de Estado disse que foi quem defendeu a saída daqueles jovens do país, numa primeira fase para a Coreia do Sul e para a Austrália.</p> <p>"Primeiro eu dizia, por favor ajudem-nos, não temos emprego, não temos economia, muita pobreza. Levou anos, mas lá consegui", disse.</p> <p>Atualmente, afirmou, os timorenses emigrados na Austrália, Coreia do Sul e Inglaterra enviaram 110 milhões de dólares (98,5 milhões de euros) para os seus familiares em Timor-Leste.</p> <p>"Mas não é só o dinheiro, estão a ganhar algo, novas experiências, novos hábitos de trabalho", sublinhou o chefe de Estado.</p> <p>José Ramos-Horta considerou que "não há nada de negativo" na emigração e que o positivo é que os jovens que vão para fora mandam muito dinheiro para os seus familiares, afastando a possibilidade de défice de quadros.</p> <p>"Daqui a uns anos eles voltam, quando o nosso país está em construção e vamos precisar deles e alguns já voltaram", salientou.</p> <p> </p> <p>Leia Também: <a href="https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2621043/logistica-para-a-visita-do-papa-a-timor-leste-e-um-pesadelo" target="_blank">Logística para a visita do Papa a Timor-Leste "é um pesadelo"</a></p>