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Professores na pandemia: profissionais da linha da frente

O país precisa de bons professores, de elevado desempenho profissional e motivados, como precisa destas mesmas características nos seus profissionais de saúde. Os dois grupos desempenham uma função social insubstituível.

<p>&Agrave; medida que os dias de confinamento passam e se avolumam os descontentamentos de professores, pais e alunos com o ensino a dist&acirc;ncia, torna-se evidente qu&atilde;o imprescind&iacute;vel &eacute; o regresso &agrave; normalidade nas escolas. &Eacute; cada vez mais transparente que ensinar (e aprender) n&atilde;o &eacute; afinal t&atilde;o pass&iacute;vel de ser transferido para uma situa&ccedil;&atilde;o de trabalho remoto, que a Escola &eacute; muito mais do que um espa&ccedil;o onde se aprendem mat&eacute;rias novas e &ndash; e talvez a maior conquista indireta da pandemia &ndash; que a profiss&atilde;o de professor pertence afinal &agrave;&nbsp;<em>linha da frente</em>.</p> <p>Esta vis&atilde;o, infelizmente, foi menosprezada nos &uacute;ltimos meses, tendo as aten&ccedil;&otilde;es reca&iacute;do inteiramente, ou sobre as profiss&otilde;es que lidam diretamente com a crise sanit&aacute;ria, desempenhadas maioritariamente por profissionais de sa&uacute;de, ou sobre as que garantem que a engrenagem nacional n&atilde;o para, executadas por profissionais de setores como a distribui&ccedil;&atilde;o e produ&ccedil;&atilde;o alimentar, a manuten&ccedil;&atilde;o e desenvolvimento do digital ou a log&iacute;stica. Ora, tamb&eacute;m a educa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o pode nem deve parar, nem sequer afrouxar.</p> <p>Aprender &eacute; cada vez mais uma necessidade. A incerteza que se instalou reclama o consolo do conhecimento e o mundo tecnologicamente complexo e avan&ccedil;ado que desenvolvemos n&atilde;o pode dispensar uma das suas mais not&aacute;veis conquistas &ndash; o direito &agrave; Educa&ccedil;&atilde;o. Ensinar &eacute; assim hoje um imperativo social e moral. Enquanto coletividade, &eacute; devido a todos aqueles que est&atilde;o em idade escolar e &eacute; imprescind&iacute;vel para promover a igualdade e o progresso econ&oacute;mico e social em geral. &Eacute; por isso urgente devolver a normalidade ao ensino.</p> <p>Esta equa&ccedil;&atilde;o requer boas escolas, o que &eacute; sin&oacute;nimo de bons professores, motivados e realizados no desempenho das suas tarefas, capazes de interiorizarem o valor e alcance social da sua profiss&atilde;o.</p> <p>Na discuss&atilde;o de at&eacute; quando prolongar o encerramento das escolas, n&atilde;o s&atilde;o muitas as vozes desta classe profissional que clamem a urg&ecirc;ncia de regressar ao regime presencial. Isto poder&aacute; parecer surpreendente vindo daqueles que, por um lado, s&atilde;o quem melhor sabe qu&atilde;o importante &eacute; o contacto em sala de aula e, por outro, conseguem antecipar o &oacute;nus que ter&atilde;o que suportar no futuro para corrigir os resultados da presente interrup&ccedil;&atilde;o.</p> <p>&Eacute; muito provavelmente o resultado de uma rela&ccedil;&atilde;o nem sempre pac&iacute;fica entre professores e a opini&atilde;o p&uacute;blica e a sociedade civil em geral, e sobretudo entre professores e os poderes p&uacute;blicos, a quem caberia, em princ&iacute;pio, deter o discernimento indispens&aacute;vel &agrave; boa gest&atilde;o desta rela&ccedil;&atilde;o. Tudo isto tem contribu&iacute;do para algum des&acirc;nimo e at&eacute; desinteresse dos professores pela nobre fun&ccedil;&atilde;o social que desempenham.</p> <p>Num estudo da OCDE, 90% dos professores inquiridos diziam-se satisfeitos com o seu trabalho, n&atilde;o mostrando arrependimento pela escolha profissional, enquanto apenas 26% consideravam ter o reconhecimento da sociedade. Entre a amostra portuguesa, somente 9% responderam considerar-se socialmente reconhecidos, propor&ccedil;&atilde;o esta que ter&aacute; registado um decr&eacute;scimo entre 2013 e 2018 (TALIS, 2018). A forma como uma carreira &eacute; percecionada pela sociedade contribui liminarmente para a satisfa&ccedil;&atilde;o dos seus profissionais e repercute-se na sua qualidade.</p> <p>A an&aacute;lise de dados para o caso portugu&ecirc;s sugere a necessidade de infletir a degrada&ccedil;&atilde;o da perce&ccedil;&atilde;o que este grupo profissional tem sobre a sua utilidade social para passar a atribuir-lhe o reconhecimento estrat&eacute;gico que lhe &eacute; devido.</p> <p>O pa&iacute;s precisa de bons professores, de elevado desempenho profissional e motivados, como precisa destas mesmas caracter&iacute;sticas nos seus profissionais de sa&uacute;de. Os dois grupos desempenham uma fun&ccedil;&atilde;o social insubstitu&iacute;vel. M&eacute;dicos e enfermeiros t&ecirc;m sido comparados a mission&aacute;rios, pr&oacute;ximos de militares num campo de batalha, capazes de resistir na frente do combate contra a Covid-19. Tamb&eacute;m o professor tem uma miss&atilde;o a desempenhar em tempos adversos &ndash; continuar a educar e a formar.</p> <p>Os respons&aacute;veis pol&iacute;ticos t&ecirc;m que encontrar formas de transmitir esta dupla mensagem aos professores e garantir que estes ser&atilde;o os primeiros a exigir o regresso &agrave;s escolas, o seu campo de batalha primordial. Faz&ecirc;-lo poder&aacute; passar, por exemplo, por assegurar que este grupo profissional ser&aacute; priorit&aacute;rio no plano de vacina&ccedil;&atilde;o nacional e que as comunidades escolares ser&atilde;o objeto de testagens regulares e em massa. S&atilde;o escolhas de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas que importa assegurar.</p> <p>Ser professor &eacute; exercer uma profiss&atilde;o de elevado impacto social. Compete &agrave; sociedade como um todo, a come&ccedil;ar pelos governantes, recompensar quem a pratica com a dignifica&ccedil;&atilde;o social adequada. Ensinar &eacute; uma miss&atilde;o que se faz com gosto e por voca&ccedil;&atilde;o. Cumpre aos professores exigir &agrave; sociedade o reconhecimento que lhes &eacute; devido e manter-se &agrave; altura daquilo que se exige que sejam &ndash; profissionais de primeira linha.</p>

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