Mais de 5 mil quilômetros abaixo de nós, o núcleo interno de metal sólido da Terra não havia sido descoberto até 1936.
<p> </p> <p>Quase um século depois, ainda estamos lutando para responder a perguntas básicas sobre quando e como ele se formou pela primeira vez.</p> <ul> <li><a href="https://www.bbc.com/portuguese/geral-56040748">Fenômeno descoberto por cientistas explica por que oceano Atlântico cresce enquanto Pacífico encolhe</a></li> <li><a href="https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-48330248">O buraco mais profundo já cavado na Terra</a></li> </ul> <p>Não são quebra-cabeças fáceis de resolver.</p> <p>Não podemos coletar amostras diretamente do núcleo interno, então o segredo para desvendar seus mistérios está na colaboração entre sismólogos, que indiretamente obtêm amostras por meio de ondas sísmicas, geodinamicistas, que criam modelos de sua dinâmica, e físicos minerais, que estudam o comportamento das ligas de ferro em altas pressões e temperaturas.</p> <p><a href="https://www.bbc.com/portuguese/institutional/2015/01/000000_advertising_faqs">PUBLICIDADE</a></p> <p> </p> <p>Combinando essas disciplinas, os cientistas chegaram a uma pista importante sobre o que está acontecendo a quilômetros abaixo de nossos pés.</p> <p><a href="https://www.bbc.com/portuguese/geral-58084414#end-of-recommendations">Pule Talvez também te interesse e continue lendo</a></p> <p><strong>Talvez também te interesse</strong></p> <ul> <li> <p><img alt="Reactor" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/D388/production/_109525145_tkmandplant_2016_72dpi.jpg" style="height:549px; width:976px" /></p> <p><a href="https://www.bbc.com/portuguese/geral-50422745">O que é a fusão nuclear, que promete ser a energia limpa que o mundo procura</a></p> </li> <li> <p><img alt="Niña de dos años con covid es llevada a un hospital en Houston, Texas" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/825E/production/_120347333_gettyimages-1336368155.jpg" style="height:549px; width:976px" /></p> <p><a href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58429033">'Trágico e hediondo': o relato de pediatra sobre internação recorde de crianças por covid nos EUA</a></p> </li> <li> <p><img alt="Um bezerro próximo ao seu rebanho" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/58FD/production/_103918722_cowsgetty2.jpg" style="height:549px; width:976px" /></p> <p><a href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58466749">Vaca louca: por que novos casos no Brasil são menos graves que epidemia letal dos anos 1990</a></p> </li> <li> <p><img alt="Antigo observatório da Paulista" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/0B4F/production/_114059820_1.jpg" style="height:549px; width:976px" /></p> <p><a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53870486">É verdade que nevou em São Paulo em 1918?</a></p> </li> </ul> <p>Fim do Talvez também te interesse</p> <p>Em um novo estudo, eles revelam como o núcleo interno da Terra está crescendo mais rápido de um lado do que do outro, o que pode ajudar a explicar a idade do núcleo interno e a história intrigante do campo magnético da Terra.</p> <h2>Terra Primitiva</h2> <p>O núcleo da Terra foi formado bem no início da história de 4,5 bilhões de anos do nosso planeta, nos primeiros 200 milhões de anos.</p> <p>A gravidade puxou o ferro mais pesado para o centro do jovem planeta, deixando os minerais rochosos de silicato para formar o manto e a crosta.</p> <p>A formação da Terra reteve muito calor dentro do planeta.</p> <p>A perda desse calor e o aquecimento pelo decaimento radioativo contínuo têm impulsionado a evolução do nosso planeta.</p> <p>A perda de calor no interior da Terra impulsiona o intenso fluxo de ferro líquido no núcleo externo, que cria o campo magnético da Terra.</p> <p>Enquanto isso, o resfriamento no interior profundo da Terra ajuda a fornecer energia às placas tectônicas, que moldam a superfície do nosso planeta.</p> <p>Conforme a Terra esfriou com o tempo, a temperatura no centro do planeta acabou caindo abaixo do ponto de fusão do ferro em pressões extremas, e o núcleo interno começou a se cristalizar.</p> <p>Hoje, o raio do núcleo interno continua a crescer cerca de 1 mm a cada ano, o que equivale à solidificação de 8 mil toneladas de ferro fundido a cada segundo.</p> <p>Em bilhões de anos, esse resfriamento acabará fazendo com que todo o núcleo se torne sólido, deixando a Terra sem seu campo magnético protetor.</p> <h2>Questão central</h2> <p>Pode-se supor que essa solidificação crie uma esfera sólida homogênea, mas não é o caso.</p> <p>Na década de 1990, os cientistas perceberam que a velocidade das ondas sísmicas que viajam pelo núcleo interno variava de forma inesperada.</p> <p>Isso sugeria que algo assimétrico estava acontecendo no núcleo interno.</p> <p>Especificamente, as metades leste e oeste do núcleo interno mostraram diferentes variações de velocidade de onda sísmica.</p> <p>A parte leste do núcleo interno está abaixo da Ásia, do Oceano Índico e do Oceano Pacífico ocidental, enquanto a parte oeste encontra-se sob as Américas, o Oceano Atlântico e o Pacífico oriental.</p> <p>O novo estudo analisou esse mistério, usando novas observações sísmicas combinadas com modelagem geodinâmica e estimativas de como ligas de ferro se comportam em alta pressão.</p> <p>Eles descobriram que o núcleo interno oriental localizado abaixo do Mar de Banda da Indonésia está crescendo mais rápido do que o lado ocidental abaixo do Brasil.</p> <p>Você pode imaginar esse crescimento desigual como tentar fazer sorvete em um freezer que só funciona de um lado: cristais de gelo se formam apenas no lado do sorvete em que o resfriamento é eficaz.</p> <p>Na Terra, o crescimento desigual é causado pelo resto do planeta sugando calor mais rapidamente de algumas partes do núcleo interno do que de outras.</p> <p><img alt="Ilustração da Terra e de suas camadas" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/640/cpsprodpb/6B44/production/_104006472_9eba61f5-3d3a-47ff-aa71-5d692824d930.jpg" style="height:593px; width:589px" /></p> <p>CRÉDITO,GETTY IMAGES</p> <p>Legenda da foto,</p> <p>Estudo mostra que o núcleo da Terra está crescendo mais rápido na parte leste do que na oeste</p> <p>Mas, diferentemente do sorvete, o núcleo interno sólido está sujeito a forças gravitacionais que distribuem o novo crescimento uniformemente por meio de um processo de fluxo gradual, que mantém a forma esférica do núcleo interno.</p> <p>Isso significa que a Terra não corre o risco de tombar, embora esse crescimento desigual seja registrado nas velocidades das ondas sísmicas no núcleo interno do nosso planeta.</p> <h2>Datando o núcleo</h2> <p>Essa abordagem poderia nos ajudar a entender então quantos anos o núcleo interno pode ter?</p> <p>Quando os pesquisadores compararam suas observações sísmicas com seus modelos de fluxo, eles descobriram que é provável que o núcleo interno — no centro de todo o núcleo que se formou muito antes — tenha entre 500 milhões e 1.500 milhões de anos.</p> <p>De acordo com o estudo, a extremidade mais jovem dessa faixa etária é a que corresponde melhor, embora a mais velha corresponda a uma estimativa feita medindo as mudanças na força do campo magnético da Terra.</p> <p>Qualquer que seja o número correto, é claro que o núcleo interno é relativamente jovem, com algo entre um nono e um terço da idade da Terra.</p> <p>Este novo trabalho apresenta um novo modelo poderoso do núcleo interno.</p> <p>No entanto, uma série de suposições físicas que os autores fizeram teriam que ser verdadeiras para que isso esteja correto.</p> <p>Por exemplo, o modelo só funciona se o núcleo interno consiste de uma fase cristalina específica de ferro, sobre a qual há alguma incerteza.</p> <p>E nosso núcleo interno irregular torna a Terra incomum?</p> <p>Na verdade, muitos corpos planetários têm duas metades que são de alguma forma diferentes uma da outra.</p> <p>Em Marte, a superfície da metade norte é mais baixa, enquanto a metade sul é mais montanhosa.</p> <p>A crosta da face visível da Lua é quimicamente diferente do lado que está mais distante.</p> <p>Em Mercúrio e Júpiter, não é a superfície que é irregular, mas o campo magnético, que não forma uma imagem espelhada entre o norte e o sul.</p> <p>Portanto, embora as causas de todas essas assimetrias variem, a Terra parece estar bem acompanhada como um planeta ligeiramente assimétrico em um sistema solar de corpos celestes desiguais.</p> <p><em>* Jessica Irving é professora de geofísica da Universidade de Bristol, no Reino Unido.</em></p> <p><em>Sanne Cottaar é professora de sismologia global na Universidade de Cambridge, também no Reino Unido.</em></p> <p><em>Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. </em><a href="https://theconversation.com/earths-inner-core-is-growing-more-on-one-side-than-the-other-heres-why-the-planet-isnt-tipping-165266">Leia aqui a versão original</a><em> (em inglês).</em></p>