A pianista macaense Catarina Amaral, a estudar em Nova Iorque, criou com outros dois músicos a associação de artistas Opus One, que quer contribuir para criar um ambiente "mais saudável" na educação musical em Macau.
<p> <audio class="audio-for-speech" src=""> </audio> </p> <div class="translate-tooltip-mtz translator-hidden"> <div class="header"> <div class="header-controls">Translator</div> <div class="header-controls"> </div> <div class="header-controls"> </div> </div> <div class="translated-text"> <div class="words"> </div> <div class="sentences"> </div> </div> </div> <p>A razão que levou Catarina Amaral a partir há quase dez anos para os Estados Unidos, para estudar Música, é praticamente a mesma que a fez criar, em outubro de 2021, a associação de artistas Opus One.</p> <p>Em Macau, onde nasceu, sentia falta de uma comunidade artística. E a educação musical tinha ainda muito caminho pela frente.</p> <p>"Está muito melhor do que antes, porque pessoas que estudaram fora voltaram para Macau e existem mais alunos a tocar muito melhor tecnicamente", diz em entrevista à Lusa a macaense de 24 anos.</p> <p>No entanto, nota a pianista, com a "cultura de competição que se mantém entre os alunos" do território, que "sentem muita pressão", a qualidade da música local acaba por ser "muito afetada".</p> <p>Ao nível do currículo do ensino superior, considera, faltam programas interessantes, até "porque música não é só tocar": "Tens muito mais do que só isso: artes, tens a história, a teoria, está tudo relacionado e Macau ainda não está a pôr estes pontos juntos. Ainda falta, mas está a começar".</p> <p>A Opus One, constituída por Catarina e dois amigos, também pianistas de Macau, Peter Chan e Shuyan Wong, quer trazer algum equilíbrio a quem está a dar os primeiros passos neste mundo, através, por exemplo, de "mais educação via concertos, 'masterclasses' e outros eventos", gratuitos ou de custo reduzido.</p> <p>"Em vez de tudo ser competição, em vez de se ter de pagar para as aulas, nós queremos mesmo que os alunos comecem a apreciar a música que eles próprios ouvem, que eles próprios veem, que não sejam só mandados praticar, mandados gostar de música", explica.</p> <p>Um recital com a russa-americana Olga Kern, única mulher a alcançar nos últimos 50 anos o ouro na competição internacional de piano Van Cliburn, ou com o pianista canadiano Avan Yu, que deu ainda uma 'masterclass' a quatro crianças de Macau, foram algumas das atividades organizadas até agora pela Opus One.</p> <p>Todas com dinheiro do próprio bolso, já que a associação não conseguiu angariar fundos para apoiar as iniciativas.</p> <p>"Estes eventos, que começam por ser grátis ou a um preço baixo, ou a oportunidade [que as crianças têm] de conhecerem estes artistas e tocarem para estes artistas, pode influenciar os jovens a gostarem ainda mais de música. Pode até trazer um ambiente mais saudável para Macau", reforça.</p> <p>Catarina Amaral concluiu a licenciatura e mestrado em Música na Manhattan School of Music, em Nova Iorque, e frequenta agora um segundo mestrado, em Educação, na Columbia University. Diz que, para o futuro, o que "queria mesmo era ensinar professores como ser professores".</p> <p>"Não é só dizer aos alunos o que fazer, mas dizer aos alunos para explorarem o que eles querem fazer", reforça.</p> <p>Para já, esta macaense, de origem portuguesa e chinesa, vai ficar nos Estados Unidos para um fazer o doutoramento. O regresso a Macau está nos planos, diz, até porque sente que quer dar algo de volta à comunidade.</p> <p>Quanto à associação, dedicada numa fase inicial mais à música e ao piano, a ideia passa por contactar com outros instrumentos e artes. Pintura e moda são algumas das áreas de interesse e com "talentos não descobertos".</p> <p>"Macau tem muito talento, tem muitas pessoas com muito talento e que não são faladas, não são dadas a conhecer ao público. Por isso são também comunidades que queremos incluir", diz.</p> <p> </p> <p>Leia Também: <a href="https://www.noticiasaominuto.com/cultura/2543271/25-de-abril-50-anos-depois-a-cantiga-continua-a-ser-uma-arma" target="_blank">25 de Abril. 50 anos depois a cantiga continua a ser uma arma</a></p>