
O investigador em Inteligência Artificial (IA) Luís Moniz Pereira mostrou-se hoje preocupado com o impacto da tecnologia no mercado laboral e considerou que Portugal deve ser mais proativo na regulação do setor.
<p> <audio class="audio-for-speech" src=""> </audio> </p> <div class="translate-tooltip-mtz translator-hidden"> <div class="header"> <div class="header-controls">Translator</div> <div class="header-controls"> </div> <div class="header-controls"> </div> </div> <div class="translated-text"> <div class="words"> </div> <div class="sentences"> </div> </div> </div> <p>Na Europa, foi já aprovada o pacote de regulamentação para o setor, mas esta legislação só tem efeito daqui a dois anos, o que Moniz Pereira entende ser um problema, a que se soma ausência de mecanismos de controlo.</p> <p> </p> <p>"Qualquer empresa, qualquer programador pode desenvolver ferramentas que podem causar danos muito grandes", afirmou à Lusa, salientando que o mundo também não está atento ao impacto social, quando grandes fatias de trabalho forem entregues a instrumentos de IA.</p> <p>"Há uma falta de previsão em relação a consequências [da IA] e estou a pensar especificamente em consequências sobre o desemprego e o subemprego", observou o diretor do Centro de Inteligência Artificial na Universidade Nova de Lisboa e autor do livro Máquinas Éticas.</p> <p>Os "governantes e outras entidades dizem: acabam uns empregos, mas criam-se outros, mas isso não está estudado" e "não está a ser feito um estudo sobre quais são [as consequências], em que quantidade e com que probabilidade", salientou.</p> <p>A "filosofia da nossa época, o que interessa, é ganhar mais dinheiro, mais negócio, ganhar o mais possível e é a ganância" e a IA vai permitir o surgimento de novos protagonistas, com um impacto social grande, considerou.</p> <p>Por outro lado, disse, há muitos países que não têm ferramentas desenvolvidas e podemos assistir a "um novo colonialismo de informática e, especificamente, de Inteligência Artificial", com a redução de línguas locais ou idiomas menos falados.</p> <p>Por muito extraordinária que a tecnologia seja, ainda só existem "coisas básicas", porque, a médio-prazo, a IA vai substituir grandes fatias da população, previu.</p> <p>A IA "entra no nível cognitivo", algo que "é novo até em relação a revoluções industriais anteriores" e quebra uma área que "ainda é do monopólio humano", explicou o responsável do Centro de Inteligência Artificial na Universidade Nova de Lisboa.</p> <p>No futuro próximo, "esse monopólio vai ser substituído por máquinas" e, mesmo que as pessoas tenham formação, o numero de novos empregos será inferior aos que forem extintos.</p> <p>Além disso, "quem é que vai monitorar a aplicação da legislação?" -- questionou, salientando que entregar essa responsabilidade a mecanismos privados poderá ser um problema.</p> <p>Além disso, o pacote legislativo europeu "prevê que, em cada país, se crie uma comissão de monitorização" e, nesse capítulo, Portugal está já atrasado.</p> <p>"Em Portugal ainda não foi nomeada essa comissão, embora noutros países já tenha sido", lamentou, considerando: "nós não podemos estar simplesmente à espera de que a Europa nos diga o que fazer, também temos obrigação de contribuir para a opinião europeia".</p> <p>Por outro lado, o docente emérito da Universidade Nova julga que a regulamentação deve ser "mais apertada".</p> <p>"Eu temo que possa haver tragédias", por falta de regulação, avisou, salientando que o crescimento está a ser exponencial e o legislador não está atento ao problema.</p> <p> </p> <p>Leia Também: <a href="https://www.noticiasaominuto.com/tech/2568564/ia-traz-muitas-oportunidades-mas-risco-de-democratizar-desinformacao" target="_blank">IA traz "muitas oportunidades" mas risco de "democratizar desinformação"</a></p>