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Pandemia vai mudar o "centro da reflexão" da Arquitetura

Os curadores da representação portuguesa na Bienal de Veneza de Arquitetura estão convictos de que a pandemia vai mudar o centro da reflexão da arquitetura, sobretudo na valorização do espaço público, e consideram-na uma oportunidade para identificar problemas e soluções.

<p>Composto pelos curadores Jo&atilde;o Cris&oacute;stomo, Carlos Azevedo, Lu&iacute;s Sobral, s&oacute;cios fundadores do atelier portuense&nbsp;depA&nbsp;architects, e Miguel Santos, curador-adjunto, o&nbsp;projeto&nbsp;designado &quot;In Conflict&quot; consiste numa exposi&ccedil;&atilde;o, a apresentar a partir de&nbsp;maio, em Veneza, e nove debates, o primeiro a ter in&iacute;cio no domingo, em formato &#39;online&#39;, sobre estrat&eacute;gias de habita&ccedil;&atilde;o na capital.</p> <p>Hashim&nbsp;Sarkis, curador-geral da 17.&ordf; Exposi&ccedil;&atilde;o Internacional de&nbsp;Arquitetura&nbsp;de Veneza - marcada para os dias 22 de&nbsp;maio&nbsp;a 21 de&nbsp;novembro&nbsp;de 2020 - lan&ccedil;ou, como guia para os participantes desta edi&ccedil;&atilde;o, o tema &quot;How we will live together&quot; (&quot;Como vamos viver juntos&quot;, em tradu&ccedil;&atilde;o livre), que acabou por adequar-se totalmente &agrave; realidade que o mundo vive hoje, num conv&iacute;vio for&ccedil;ado &agrave; dist&acirc;ncia, para a&nbsp;prote&ccedil;&atilde;o&nbsp;da sa&uacute;de p&uacute;blica, ainda sem fim &agrave; vista.</p> <p>Em entrevista &agrave; ag&ecirc;ncia Lusa, o&nbsp;coletivo&nbsp;falou sobre o impacto que a&nbsp;pandemia&nbsp;tem no pensamento&nbsp;arquitet&oacute;nico: &quot;Traz &agrave; luz quest&otilde;es muito importantes, que os&nbsp;arquitetos&nbsp;e urbanistas devem pensar, as v&aacute;rias escalas do espa&ccedil;o que v&atilde;o ser&nbsp;afetadas, desde o espa&ccedil;o dom&eacute;stico, que dever&aacute; sofrer altera&ccedil;&otilde;es de certeza, com o&nbsp;teletrabalho, a valoriza&ccedil;&atilde;o dos espa&ccedil;os do exterior, como est&atilde;o a ser cada vez mais, por exemplo, as pequenas varandas das habita&ccedil;&otilde;es&quot;, apontou o curador Jo&atilde;o Cris&oacute;stomo.</p> <p>&quot;A valoriza&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o p&uacute;blico f&iacute;sico, das cidades, do territ&oacute;rio, o seu dimensionamento, a valoriza&ccedil;&atilde;o dos espa&ccedil;os verdes, s&atilde;o temas e reflex&otilde;es que v&atilde;o estar no centro da reflex&atilde;o da&nbsp;arquitetura&quot;, em resultado do impacto nefasto da&nbsp;pandemia, acrescentou.</p> <p>O curador recordou que este debate, com temas que sempre foram discutidos pelos&nbsp;arquitetos&nbsp;e urbanistas, abre-se agora ainda mais, com o envolvimento da opini&atilde;o p&uacute;blica: &quot;H&aacute; um alerta para a sociedade em geral, para uma consciencializa&ccedil;&atilde;o do valor do espa&ccedil;o p&uacute;blico e da sua integra&ccedil;&atilde;o na nossa vida. N&atilde;o &eacute; apenas um espa&ccedil;o que se percorre entre casa e trabalho, mas contribui muito para a nossa qualidade de vida e de sa&uacute;de&quot;.</p> <p>Lu&iacute;s Sobral, por seu lado, sublinhou a quest&atilde;o das desigualdades que se destacaram com a realidade&nbsp;pand&eacute;mica, e &agrave;s quais, considera que toda a gente ficou mais sens&iacute;vel. &quot;Numa vida normal, essas desigualdades sociais s&atilde;o superadas pelos espa&ccedil;os p&uacute;blicos. Mas, presos em casa, muitos alunos, por exemplo, ficam sem acesso &agrave;s condi&ccedil;&otilde;es que podem ter na escola, nos refeit&oacute;rios e bibliotecas&quot;.</p> <p>&quot;Em&nbsp;pandemia, as desigualdades sociais agravam-se. &Eacute; uma altura muito boa para identificar problemas que poder&atilde;o ser melhorados&quot;, acrescentou o curador, advertindo para a &quot;tenta&ccedil;&atilde;o de resolver os problemas de forma r&aacute;pida&quot;, e, em vez disso, &quot;encontrar respostas pensadas e ponderadas&quot;.</p> <p>Nesta linha de pensamento tamb&eacute;m se enquadram os&nbsp;objetivos&nbsp;principais do&nbsp;projeto&nbsp;&quot;In Conflict&quot;, destacou ainda Lu&iacute;s Sobral, apontando que, &quot;muitas vezes, a&nbsp;arquitetura&nbsp;tende a afastar-se do p&uacute;blico em geral, porque os&nbsp;arquitetos&nbsp;ficam presos a quest&otilde;es muito disciplinares e menos acess&iacute;veis&quot;.</p> <p>Por essa raz&atilde;o, o&nbsp;coletivo&nbsp;prop&ocirc;s trabalhar o tema da habita&ccedil;&atilde;o, e uma s&eacute;rie de sete processos de habita&ccedil;&atilde;o, dos &uacute;ltimos 50 anos, demonstrando-os de forma &quot;menos convencional, a partir das not&iacute;cias, do eco que tiveram na imprensa, e da discuss&atilde;o p&uacute;blica&quot;, disse, sobre o conte&uacute;do da exposi&ccedil;&atilde;o que v&atilde;o apresentar em Veneza.</p> <p>&quot;Queremos, com isso, dar a entender &agrave;s pessoas que a&nbsp;arquitetura&nbsp;&eacute; uma disciplina de interesse p&uacute;blico, e que est&aacute; muito presente na vida delas&quot;, por um lado, e, por outro, &quot;chamar a aten&ccedil;&atilde;o e reavivar, junto dos&nbsp;arquitetos, o papel mais&nbsp;interventivo, e a dimens&atilde;o social e de interesse p&uacute;blico da profiss&atilde;o, recordando o papel muito importante destes profissionais, de gera&ccedil;&otilde;es anteriores, nomeadamente na constru&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s, no p&oacute;s-25 de Abril&quot;, lembrou o&nbsp;arquiteto&nbsp;Lu&iacute;s Sobral.</p> <p>O confronto de ideias e de&nbsp;perspetivas&nbsp;&eacute; outra ideia central do&nbsp;projeto&nbsp;&quot;In Conflict&quot;, que, como esclareceu o curador Carlos Azevedo, &quot;n&atilde;o remete para uma l&oacute;gica b&eacute;lica, mas enquanto&nbsp;a&ccedil;&atilde;o&quot;, chamando a aten&ccedil;&atilde;o para &quot;a&nbsp;arquitetura&nbsp;como mais um dos mediadores desse debate&quot; em curso.</p> <p>Por esta ideia ser t&atilde;o importante no&nbsp;projeto, o&nbsp;coletivo&nbsp;introduziu um conjunto de debates no programa, al&eacute;m da exposi&ccedil;&atilde;o.</p> <p>&quot;Um dos&nbsp;objetivos&nbsp;era alargar o debate a outras disciplinas e interlocutores. N&atilde;o quer&iacute;amos que a exposi&ccedil;&atilde;o se encerrasse em si pr&oacute;pria, e tamb&eacute;m n&atilde;o s&oacute; na&nbsp;arquitetura&quot;, sublinhou Jo&atilde;o Cris&oacute;stomo &agrave; Lusa, acrescentando que, atrav&eacute;s uma &#39;open call&#39; foram convidados coordenadores para orientar seis debates sob temas da sua escolha, &quot;o mais abrangente poss&iacute;vel&quot;.</p> <p>Miguel Santos indicou que o&nbsp;coletivo&nbsp;acabou por ampliar o&nbsp;projeto&nbsp;com tr&ecirc;s debates em formato &#39;online&#39;, para preceder a abertura da Bienal de Veneza, em&nbsp;maio, e que &quot;servir&atilde;o de introdu&ccedil;&atilde;o &agrave; curadoria e a esta discuss&atilde;o, lan&ccedil;ando a reflex&atilde;o sobre os efeitos da&nbsp;pandemia, e sobre a resposta que a sociedade pode construir&quot;.</p> <p>Em discuss&atilde;o estar&atilde;o tamb&eacute;m outros temas bastante&nbsp;atuais, como a constru&ccedil;&atilde;o do novo aeroporto, a liga&ccedil;&atilde;o ferrovi&aacute;ria de alta velocidade, a&nbsp;descoloniza&ccedil;&atilde;o&nbsp;da cidade, com o destino a dar os s&iacute;mbolos coloniais, e o papel da&nbsp;arquitetura&nbsp;nas pol&iacute;ticas de habita&ccedil;&atilde;o, bem como os aguardados fundos europeus para a&nbsp;resili&ecirc;ncia&nbsp;e recupera&ccedil;&atilde;o.</p> <p>No domingo, o primeiro debate, ser&aacute; organizado e moderado por&nbsp;Gennaro&nbsp;Giacalone, Jo&atilde;o Rom&atilde;o e Margarida Le&atilde;o, para questionar o futuro da habita&ccedil;&atilde;o em Lisboa, sob o t&iacute;tulo &quot;Debating Lisbon&#39;s Housing Strategy&quot; (&quot;Debater a estrat&eacute;gia de Lisboa para a habita&ccedil;&atilde;o&quot;), pelas 18:30.</p> <p>Os oradores ser&atilde;o a deputada e&nbsp;arquiteta&nbsp;Filipa Roseta, a&nbsp;arquiteta&nbsp;In&ecirc;s Lobo, o ge&oacute;grafo Lu&iacute;s Mendes e o vereador da C&acirc;mara&nbsp;Municipal de Lisboa Ricardo Veludo.</p> <p>O segundo debate, organizado e moderado por Bernardo Amaral e Carlos Machado e Moura, a acontecer no dia 28 de&nbsp;mar&ccedil;o, pela mesma hora, tem por&nbsp;objetivo&nbsp;&quot;explorar o papel da&nbsp;arquitetura&nbsp;nas constru&ccedil;&otilde;es de emerg&ecirc;ncia que&nbsp;atualmente&nbsp;operam para o abrigo de popula&ccedil;&otilde;es refugiadas&quot;, e contar&aacute; com os&nbsp;arquitetos&nbsp;Manuel&nbsp;Herz&nbsp;e Maria Neto, a quem se juntar&aacute; o antrop&oacute;logo Michel&nbsp;Agier, no painel &quot;Instant City&quot;.</p> <p>No dia 11 de&nbsp;abril, ser&aacute; a vez do debate &quot;L</p> <p>ines of Violence&quot;, de Patr&iacute;cia Robalo, que juntar&aacute; os arquitectos&nbsp;Aitor&nbsp;Varea&nbsp;Oro e&nbsp;L&iacute;gia&nbsp;Nunes, a programadora Ana&nbsp;Bigotte&nbsp;Vieira, a investigadora Helena Barbosa Amaro, o tradutor Nuno Le&atilde;o e Sandra Lang, construtora de violinos, para fazer uma an&aacute;lise da produ&ccedil;&atilde;o do conflito na contemporaneidade.</p> <p>Os seis outros debates ter&atilde;o lugar em Veneza, no&nbsp;Palazzo&nbsp;Giustinian&nbsp;Lolin, sede do Pavilh&atilde;o de Portugal, no m&ecirc;s de&nbsp;maio, na sede da Trienal de&nbsp;Arquitetura&nbsp;de Lisboa, no Pal&aacute;cio&nbsp;Sinel&nbsp;de&nbsp;Cordes, na capital portuguesa, a seguir, no m&ecirc;s de&nbsp;junho, e no MIRA Forum, no Porto, durante o m&ecirc;s de&nbsp;setembro.</p> <p>A exposi&ccedil;&atilde;o patente no&nbsp;Palazzo&nbsp;Giustinian&nbsp;Lolin&nbsp;em Veneza, que ser&aacute; inaugurada a 22 de&nbsp;maio, completa a curadoria portuguesa na 17.&ordf; Exposi&ccedil;&atilde;o Internacional de&nbsp;Arquitetura&nbsp;da Bienal de Veneza 2021, adiada de 2020 devido &agrave;&nbsp;pandemia&nbsp;covid-19.</p>

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