Mais de oito milhões de alunos do primeiro ao 12.º ano iniciam as aulas na segunda-feira em Moçambique, num contexto atípico que será marcado por divisão de turmas, aulas em grupos alternados e aos sábados, devido à covid-19.
<p>Daquele número de alunos, cerca dois milhões são da primeira classe e vão à escola pela primeira vez.</p> <p>A porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (Minedh), Gina Guibunda, disse à Lusa que o número de alunos numa sala não deve ultrapassar os 25, para permitir um distanciamento de 1,5 metros, o que vai implicar a divisão de turmas, tendo em conta a sobrelotação que normalmente caracteriza as salas de aula no país.</p> <p>O número de alunos nas salas das escolas moçambicanas chega a atingir 75, uma cifra que torna impossível o necessário distanciamento físico em contexto de covid-19.</p> <p>Gina Guibunda avançou que os alunos poderão ter aulas aos sábados, nas circunstâncias em que o desdobramento de turmas impedir o cumprimento de metas semanais do plano letivo.</p> <p>"Está a ser ponderada uma remuneração extra aos professores, com aulas aos sábados, mas ainda não há nenhuma decisão nesse sentido", enfatizou.</p> <p>No âmbito das medidas de prevenção do novo coronavírus, foram suprimidas disciplinas como Educação Física, Educação Musical e Inglês no ensino primário.</p> <p>No secundário, não serão lecionadas disciplinas como Noções de Empreendedorismo, Agro-Pecuária, Tecnologias de Informação e Comunicação e Turismo.</p> <p>Também foi reduzido em meia hora o tempo letivo por dia, passando de um máximo de cinco horas para quatro horas e meia.</p> <p>Guibunda adiantou que "há uma maior probabilidade" de o curso noturno continuar paralisado, mantendo a interrupção determinada no ano passado, devido à pandemia, colocando os alunos desse período a estudar à distância.</p> <p>"O cenário para os alunos do curso noturno está a ser amadurecido, mas há uma maior probabilidade de os alunos estudarem à distância, que é uma experiência já antiga no país", destacou a porta-voz do Minedh.</p> <p>Gina Guibunda admitiu que as aulas não poderão arrancar em várias escolas do país na segunda-feira, devido à falta de condições de água e saneamento, para a prevenção de covid-19, assinalando que tudo está a ser feito para que a situação seja normalizada em todos os estabelecimentos de ensino.</p> <p>"As condições de segurança sanitária nas escolas estão a ser criadas e continuaram a ser criadas até que todo o ambiente escolar esteja seguro", afirmou Guibunda.</p> <p>As direções das escolas, prosseguiu, foram orientadas no sentido de usar 30% do seu orçamento para a criação de condições de água e saneamento, visando a prevenção de covid-19.</p> <p>Para marcar o início do ano letivo de 2021, o distrito de Monapo, província de Nampula, norte de Moçambique, acolhe sexta-feira as cerimónias centrais com a participação de governantes.</p> <p>Na semana passada, o ministro das Obras Públicas e Habitação, João Machatine, disse no parlamento que o Governo moçambicano investiu o equivalente a 39,5 milhões de euros na construção e reabilitação de casas de banho e sistemas de abastecimento de água nos estabelecimentos de ensino para a prevenção de covid-19.</p> <p>Em 2020, o ensino primário e as classes do secundário sem exame em Moçambique apenas tiveram aulas até março, tendo interrompido a atividade letiva, devido à pandemia.</p> <p>Os alunos nessa situação transitaram administrativamente de classe.</p> <p>Os alunos das classes do ensino secundário com exame voltaram às aulas no final do ano passado, para um curto período de aulas e realização de provas finais e respetivos exames.</p>