Mais de 42 mil alunos estão sem aulas desde a semana passada, no distrito de Boane, Província de Maputo, devido às cheias. Para recuperar o tempo perdido, a Direcção Distrital de Educação diz que haverá aulas de reforço.
<p>Visitámos um dos centros de acolhimento, no bairro Mabanja, distrito de Boane, que acolhe mais de 500 pessoas, das quais 300 são crianças em idade escolar.</p> <p>As crianças agitadas, brincando de todas as formas, umas conscientes e outras pouco esclarecidas, buscavam esquecer o drama vivido na madrugada do dia 10 de Fevereiro.</p> <p>A chuva, aliada à pressão das águas vindas da África do Sul e de eSwatini, provocou inundações em escolas e residências, no distrito de Boane; empurraram as crianças e os seus pais para longe dos seus lares e interromperam as aulas.</p> <p>Edite da Cruz, uma das 1800 vítimas das enxurradas, disse que “perdemos tudo, uniforme das crianças, cadernos, livros, até documentação. Tenho três crianças, uma que frequentava a 8ª, outra 6ª e a mais nova 4ª classe, mas não sei se voltam à escola este ano”.</p> <p>As famílias perderam tudo, mas as crianças não perderam os seus sonhos, tal camo Carlos Mulimo, aluno da quarta-feira classe que diz que o seu material escolar foi destruído, porém o sonho de ser bombeiro não se vai apagar.</p> <p>No distrito de Boane, as autoridades apontam que mais de 40 mil crianças estão fora da escola por tempo indeterminado.</p> <p>“Temos 39 escolas primárias completas e sete escolas secundárias paralisadas, devido a enxurradas, perfazendo um universo de 42 mil alunos afectados, a nível do distrito Boane”, explicou Armando Matsinhe, chefe do Departamento do Ensino Geral, na Direcção Distrital de Educação.</p> <p>Segundo Matsinhe, há algumas escolas ainda inundadas e outras parcialmente destruídas, outras ainda transformadas em centros de acomodação.</p> <p>A fonte disse ainda que a situação vai comprometer o cumprimento do calendário escolar, mas serão tomadas medidas.</p> <p>“Assim que retomarmos as aulas, vamos criar condições para que os alunos tenham acesso a conteúdos que não era possível serem leccionados neste momento, a partir da adopção de um conjunto de medidas, desde a atribuição de tarefas escolares para os alunos executarem nas casas, para resolver com o apoio dos pais e dos professores, até à produção de fichas de exercícios, que vão ser usados nas escolas, assim como textos de apoio, apara os alunos usarem como forma de suprir este défice de cumprimento do calendário e dos nossos planos analíticos”.</p> <p>Enquanto a situação não melhora, as crianças vão passando o tempo a brincar.</p>