E-Learning
  • Para Mais Informações!
  • +258 87 30 30 705 | 84 30 30 709
  • info@edu-tech-global.com
Livro reúne obras do arquiteto Manuel Correia Fernandes

Durante mais de 50 anos de carreira, agora reunidos num livro, o arquiteto Manuel Correia Fernandes desenhou casas, nas suas diferentes formas, mas pensou sempre a habitação como parte da cidade e não apenas como "cápsula de viver".

<p>As 18 obras&nbsp;selecionadas&nbsp;para integrar o livro agora editado pela Circo de Ideias dividem-se em habita&ccedil;&atilde;o&nbsp;unifamiliar, habita&ccedil;&atilde;o&nbsp;multifamiliar&nbsp;e equipamentos como a Assembleia Legislativa da Regi&atilde;o Aut&oacute;noma dos A&ccedil;ores, a Casa Zeferino Cruz, em Luanda, e as Cooperativas de&nbsp;Aldoar, no Porto.</p> <p>No texto com que abre o livro, confessa que &quot;meio s&eacute;culo separa o primeiro do &uacute;ltimo&quot;&nbsp;projeto, mas hoje tem &quot;a sensa&ccedil;&atilde;o de ter estado a fazer sempre o mesmo&quot;.</p> <p>Correia Fernandes considera que desenhou sempre casas: &quot;Do ponto de vista metodol&oacute;gico, n&atilde;o h&aacute; diferen&ccedil;a nenhuma. Todas as obras carregam hist&oacute;rias individuais, entre aspas, hist&oacute;rias de muita gente&quot;, explicou &agrave; Lusa.</p> <p>&Eacute; a &quot;eternidade&quot; dessas hist&oacute;rias que aponta como a principal diferen&ccedil;a entre&nbsp;projetar&nbsp;um equipamento e um espa&ccedil;o de habita&ccedil;&atilde;o.</p> <p>&quot;Uma casa tem intimidades que um edif&iacute;cio p&uacute;blico n&atilde;o tem. Uma casa tem uma rela&ccedil;&atilde;o pessoal insubstitu&iacute;vel entre os v&aacute;rios membros de uma fam&iacute;lia, &eacute; sempre de uma fam&iacute;lia, seja ela pequena ou grande, tem um conjunto de liga&ccedil;&otilde;es e funciona um pouco para a eternidade, ao passo que, num equipamento, as pessoas passam por l&aacute;. Quem o utiliza como local de trabalho ou quem o utiliza como servi&ccedil;o tem uma rela&ccedil;&atilde;o diferente&quot;, concretiza.</p> <p>Das casas que desenhou, &quot;at&eacute; hoje, s&oacute; duas delas j&aacute; esgotaram os primeiros 30 ou 40 anos de vida e mudaram de m&atilde;o&quot;.</p> <p>O&nbsp;arquiteto&nbsp;est&aacute; agora, em ambos os casos, &quot;a trabalhar na reabilita&ccedil;&atilde;o para uma nova fam&iacute;lia&quot;, o que lhe d&aacute; a oportunidade de &quot;reentrar numa casa, retirar um conjunto de caracter&iacute;sticas que andavam em volta das op&ccedil;&otilde;es feitas na altura e introduzir novas ideias, novos programas&quot;.</p> <p>Correia Fernandes orgulha-se de ter ficado &quot;sempre amigo&quot; das pessoas para quem&nbsp;projetou, e refere que conhece &quot;muita gente&quot;, porque fez muita habita&ccedil;&atilde;o&nbsp;coletiva&nbsp;&quot;nessas opera&ccedil;&otilde;es ligadas &agrave; habita&ccedil;&atilde;o, que s&atilde;o as cooperativas&quot;, onde vivem familiares e amigos seus.</p> <p>&quot;S&atilde;o mais de 400 amigos que tenho ali&quot;, atira.</p> <p>Projetos&nbsp;como o das Cooperativas de&nbsp;Aldoar&nbsp;t&ecirc;m a ver com uma coisa&quot; que, para o&nbsp;arquiteto, &quot;&eacute; importante, que &eacute; o conceito de habita&ccedil;&atilde;o&quot;.</p> <p>&quot;O conceito de habita&ccedil;&atilde;o nunca se restringe, mas ele &eacute;, muitas vezes, conduzido exclusivamente para o alojamento, a nossa c&aacute;psula de viver. Do meu ponto de vista, a habita&ccedil;&atilde;o tem a ver com a cidade. N&atilde;o h&aacute; boa habita&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o tenha um conjunto de componentes que a relacionam com a cidade, fatalmente. H&aacute; coisas que s&atilde;o estritamente mat&eacute;rias&nbsp;arquitet&oacute;nicas&nbsp;e h&aacute; coisas que s&atilde;o de&nbsp;car&aacute;ter&nbsp;mais sociol&oacute;gico e de&nbsp;car&aacute;ter&nbsp;mais filos&oacute;fico&quot;, detalhou.</p> <p>Para esse&nbsp;projeto, como para outros semelhantes, voltou ao &quot;modelo de cidade cl&aacute;ssica&quot;, fazendo &quot;o regresso &agrave; pra&ccedil;a, &agrave; rua, ao local de passeio&quot; e lembra que se inseriu &quot;num movimento&nbsp;coletivo&quot;, consubstanciado pelo&nbsp;SAAL&nbsp;(Servi&ccedil;o de Apoio Ambulat&oacute;rio Local), mas que foi para al&eacute;m dele.</p> <p>Agora, &quot;estamos num momento muito negativo, porque, quer a habita&ccedil;&atilde;o, quer a cidade n&atilde;o tem pensamento associado, sobretudo nas&nbsp;&aacute;reas&nbsp;em que se decidem as coisas -- os&nbsp;decisores&nbsp;n&atilde;o t&ecirc;m pensamento sobre a mat&eacute;ria, e os&nbsp;decisores&nbsp;n&atilde;o v&atilde;o buscar pensamento nem saber onde ele existe&quot;.</p> <p>O&nbsp;arquiteto&nbsp;refere que &quot;o papel da ci&ecirc;ncia &eacute;, sobretudo, criar d&uacute;vida e fazer debate&quot; e &quot;n&atilde;o h&aacute; uma ci&ecirc;ncia boa e uma ci&ecirc;ncia m&aacute;, &eacute; s&oacute; uma&quot;.</p> <p>Tamb&eacute;m &quot;n&atilde;o h&aacute; um urbanismo bom e um urbanismo mau -- &eacute; s&oacute; um&quot;.</p> <p>Na sua&nbsp;perspetiva, o urbanismo &quot;&eacute; a rela&ccedil;&atilde;o de comunidades organizadas com o territ&oacute;rio que se pretende organizado&quot;.</p> <p>&quot;E a organiza&ccedil;&atilde;o do territ&oacute;rio, ou d&aacute; dicas, ou n&atilde;o d&aacute; dicas nenhumas para a organiza&ccedil;&atilde;o social. Os dois funcionam em conjunto, se isto n&atilde;o funcionar em conjunto, n&atilde;o h&aacute; cidade&quot;, descreve.</p> <p>Com o movimento do&nbsp;SAAL, nos anos 70, olhou-se &quot;para a cidade atrav&eacute;s da habita&ccedil;&atilde;o, criando um trip&eacute; fundamental&quot;, que envolvia o Estado, que &quot;tem uma obriga&ccedil;&atilde;o em termos da constru&ccedil;&atilde;o de espa&ccedil;o p&uacute;blico, que n&atilde;o pode delegar em ningu&eacute;m&quot;, o Estado local e as associa&ccedil;&otilde;es de moradores.</p> <p>Atualmente, &quot;as associa&ccedil;&otilde;es de moradores deixaram de fazer sentido&quot; e &quot;mobilidade&quot;, que um programa de habita&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica permite, &quot;em Portugal, n&atilde;o existe&quot;.</p> <p>&quot;Inventou-se qualquer coisa que ludibria completamente as pessoas, no meu ponto de vista, que &eacute; a chamada habita&ccedil;&atilde;o a renda acess&iacute;vel. Renda acess&iacute;vel para alguns, porque, para a grande maioria, para quem n&atilde;o h&aacute; renda que seja acess&iacute;vel, o Estado e as autarquias deixaram de produzir bens desse tipo&quot;, critica.</p> <p>Correia Fernandes foi tamb&eacute;m&nbsp;diretor&nbsp;e professor na Faculdade de&nbsp;Arquitetura&nbsp;do Porto e vereador na C&acirc;mara&nbsp;do Porto, tendo assumido o pelouro do Urbanismo durante quase todo o primeiro mandato de Rui Moreira. Em todas as suas fun&ccedil;&otilde;es foi&nbsp;arquiteto, admite.</p> <p>Considera que &quot;hoje n&atilde;o h&aacute; pensamento da cidade&quot; e a vida &quot;exige permanente an&aacute;lise da realidade, debate, conversa, que &eacute; uma coisa que n&atilde;o &eacute; de seis em seis anos, &eacute; todos os dias&quot;, remata.</p> <p>Manuel Correia Fernandes. 18 Obras &eacute; o terceiro livro de uma&nbsp;cole&ccedil;&atilde;o&nbsp;da Circo de Ideias, editada por Paulo Provid&ecirc;ncia e Pedro Ba&iacute;a, que j&aacute; se debru&ccedil;ou sobre as obras de Bartolomeu Costa Cabral e Nuno Portas.</p>

Tags:
Partilhar: