As mulheres e jovens com deficiência auditiva querem mais acesso a informações em Braille e apoio de intérpretes de língua gestual nas instituições hospitalares, no quadro da ampliação de campanhas de sensibilização sobre os direitos de saúde reprodutiva.
<p>O pedido foi feito, ontem, num encontro que juntou um grupo de mulheres e jovens com deficiência auditiva, que tratou da inclusão social, onde se abordaram assuntos relacionados com os direitos sobre saúde sexual reprodutiva, como forma de incentivar a mudança de atitude da sociedade.</p> <p>No encontro, que contou com a participação de mulheres da Associação Nacional dos Surdos de Angola (ANSA) e dos Cegos e Amblíopes de Angola (ANCA), concluiu-se haver um número elevado de mulheres e jovens com deficiência que cometem erros quanto à saúde sexual, por falta de informações.</p> <p>Os membros ficaram a saber que há mulheres e jovens com deficiência que já tomaram, algumas vezes, medicamentos inapropriados, assim como não conseguem comunicar com os filhos, devido à falta de mais informações, em Braille, ou intérpretes de língua gestual nos hospitais e centros de saúde.</p> <p>Outra barreira, adiantaram, tem sido notada no acesso aos anticoncepcionais, ao ponto de algumas não terem muitas informações sobre as vantagens do planeamento familiar. Por falta de acesso à informação, muitas mulheres com deficiência auditiva desistem das consultas de pré-natal durante a gestação.</p> <p>Durante o encontro, alguns participantes denunciaram o mau atendimento de que têm sido vítimas por parte das técnicas de saúde, principalmente nas maternidades da capital. Uma das participantes, Liliana dos Santos, que é amblíope (tem problemas de visão num dos olhos), disse ao Jornal de Angola que situações de humilhação são frequentes para os portadores de deficiências.</p> <p><br /> <strong>Associações esperam dias melhores com Projecto "Mudança” </strong></p> <p>Para ultrapassar algumas situações de desrespeito, as associações de defesa dos deficientes têm programadas uma série de actividades, no quadro do projecto "Mudança”, que teve início o mês passado, em três províncias do país, no intuito de ajudar as jovens a ter maior acesso à informação.</p> <p>O coordenador nacional da Liga de Apoio à Integração dos Deficientes (LARDEF), António Afonso, disse que o projecto inclui a realização de encontros comunitários regulares, palestras de sensibilização e seminários de capacitação para as mulheres com deficiência.</p> <p>"Pretendemos advogar diante das instituições de Saúde e da Educação para, em parceria, traduzirem informações essenciais em braille e criarem projectos capazes de dar aos técnicos conhecimentos básicos de língua gestual”, adiantou.</p> <p>A questão das barreiras arquitectónicas, especialmente em alguns centros de saúde, é outra preocupação que precisa de ser resolvida, segundo António Afonso. "O país ratificou a Convenção Internacional Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, portanto existe uma Política Nacional para a Deficiência, sob a responsabilidade do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, que precisa ser reforçada com acções mais concretas”, defendeu.</p> <p> </p> <p>Fonte https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/deficientes-auditivos-querem-acesso-a-saude-com-conteudos-disponibilizados-em-braille/</p>