Duas produtoras portuguesas estão entre os signatários de uma carta europeia para a igualdade de género no setor do cinema e audiovisual, hoje divulgada, que reclama por igualdade salarial, melhores oportunidades de trabalho e diminuição de preconceitos.
<p>Pandora da Cunha Telles, da Ukbar (produtora de cinema e televisão), e Isabel Machado, da C.R.I.M. Produções, são as duas portuguesas que subscrevem a Carta para a 'Gender Equality Charter' (Carta para a Igualdade de Género), elaborada pelo Clube dos Produtores Europeus (EPC, na sigla inglesa), hoje lançada e que reúne mais de 70 assinaturas de produtoras de toda a Europa.</p> <p>De acordo com uma nota da Ukbar Filmes, a primeira produtora portuguesa a assinar o documento elaborado pela direção da EPC, do qual Pandora da Cunha Telles faz parte, o objetivo desta iniciativa é "chamar a atenção das empresas do setor audiovisual/cinematográfico para a introdução de medidas de igualdade salarial, de melhores oportunidades de trabalho atrás e à frente das câmeras, e contribuir para a diminuição de preconceitos, quer no lado humano, quer no lado ficcional das próprias obras".</p> <p>Os dados recolhidos nos últimos anos têm demonstrado "desigualdades sistémicas e falta de mecanismos para combater o assédio e a discriminação", na integração profissional das mulheres na indústria cinematográfica, nos media e no setor audiovisual.</p> <p>"Entendemos que existe uma grande responsabilidade, enquanto agentes culturais (e políticos), em criar conteúdos que influenciam o público, e percebemos as consequências que isso acarreta no futuro cívico de todos nós", consideram Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola, fundadores da Ukbar.</p> <p>Como produtora portuguesa e europeia, a Ukbar defende a necessidade de "combater ativamente" a falta de equidade, justificando assim este "passo numa perspetiva de futuro que pretende ser mais justa, mais inclusiva e verdadeiramente transformadora".</p> <p>Nesse sentido, compromete-se a uma maior abertura, integração e paridade no acesso das mulheres aos meios audiovisual e cinematográfico.</p> <p>Com esse objetivo no horizonte, a Ukbar adotou já algumas medidas concretas para este ano, como "ações para sensibilizar as equipas sobre as melhores práticas anti-esterótipos de género, sociais, raciais e sexuais 'on set' e em fase de escrita, combatendo a sua tipificação no ecrã e fora dele".</p> <p>Além disso, vai introduzir procedimentos para detetar de forma mais eficaz comportamentos abusivos, de assédio ou descriminação, "transformando as rodagens num 'safe space'" para todos os que nelas atuam, e apostar em projetos liderados por realizadoras, com especial enfoque nos novos talentos.</p> <p>Segundo os dados da própria produtora, a Ukbar atingiu a paridade dentro dos postos de trabalho, procurando progressivamente chegar à paridade 50/50 nas equipas de rodagem.</p> <p>"Acreditamos que assim podemos caminhar para que a cultura seja inovadora, mais democrática e respeitadora de todos os seres humanos. E que os pequenos passos de hoje possam, mais do que nunca, definir a forma como vivemos amanhã. As personagens que tanto nos inspiram na tela e no ecrã são um ótimo ponto de partida para a mudança", salientam os produtores portugueses.</p> <p>Entre os filmes que contaram com o trabalho de produção da Ukbar conta-se 'O Homem que Matou D. Quixote', de Terry Gilliam.</p> <p>'A Árvore', de André Gil Mata, é um dos filmes produzidos pela C.R.I.M..</p>