E-Learning
  • Para Mais Informações!
  • +258 87 30 30 705 | 84 30 30 709
  • info@edu-tech-global.com
Alunos trans ficam oito horas na escola sem ir à casa de banho

Impedidos de usar as casas de banho da escola, alunos transgénero chegam a estar oito horas sem ir aos lavabos, havendo casos em que são agredidos quando tentam entrar, denunciam as famílias.

<p>Nos dias em que tem aulas das 08h00 &agrave;s 16h00, Manuel (nome fict&iacute;cio) passa oito horas sem ir &agrave; casa de banho. N&atilde;o se sente bem na das raparigas e n&atilde;o arrisca ir &agrave; dos rapazes, contou &agrave; Lusa o rapaz trans de 14 anos, que frequenta uma escola da zona de Lisboa.</p> <p>&nbsp;</p> <p>A hist&oacute;ria de Manuel &eacute; a de um rapaz que nasceu num corpo de menina e, h&aacute; dois anos, iniciou o processo de mudan&ccedil;a, tendo j&aacute; descoberto que at&eacute; os h&aacute;bitos mais simples podem tornar-se verdadeiros desafios.</p> <p>A casa dos banho dos professores est&aacute;-lhe interdita e Manuel chegou a perguntar aos funcion&aacute;rios se podia usar a dos deficientes, mas tamb&eacute;m lhe foi negado.</p> <p>Para contornar o problema, decidiu &quot;passar o dia sem beber l&iacute;quidos&quot;, ignorando os alertas m&eacute;dicos sobre os perigos para a sua sa&uacute;de.</p> <p>A cerca de 100 quil&oacute;metros de dist&acirc;ncia, em Leiria, Jorge (nome fict&iacute;cio) tamb&eacute;m viveu uma hist&oacute;ria semelhante. A estudar na mesma escola h&aacute; v&aacute;rios anos, toda a gente o conhecia quando, no ano passado, assumiu que tinha nascido no corpo errado. Nesse dia, o acesso &agrave; casa de banho das raparigas foi-lhe barrado.</p> <p>&quot;Uma vez tentou entrar, mas as raparigas trataram-no mal&quot;, contou &agrave; Lusa a m&atilde;e, acrescentando que &quot;nem arrisca entrar na dos rapazes&quot;.</p> <p>A dire&ccedil;&atilde;o escolar sugeriu que usasse a casa de banho dos funcion&aacute;rios, mas a fam&iacute;lia optou por outra solu&ccedil;&atilde;o: Todos os dias, &agrave; hora de almo&ccedil;o, a m&atilde;e leva o filho a casa.</p> <p>Passar todo o dia na escola sem ir &agrave; casa de banho &eacute; recorrente, segundo a psic&oacute;loga Ana Silva, que trabalha na Associa&ccedil;&atilde;o de M&atilde;es e Pais pela Liberdade de Orienta&ccedil;&atilde;o Sexual e Identidade de G&eacute;nero (AMPLOS), onde chegam pedidos de ajuda de todo o pa&iacute;s.&nbsp;</p> <p>Quanto &agrave;&nbsp;op&ccedil;&atilde;o oferecida pelas escolas de criar um balne&aacute;rio ou casa de banho s&oacute; para aquele aluno, a psic&oacute;loga lembra que&nbsp;&quot;est&atilde;o a discriminar na mesma e a acentuar que aquela pessoa &eacute; diferente&quot;.</p> <p>&quot;Muitas vezes, j&aacute; t&ecirc;m uma express&atilde;o de g&eacute;nero que n&atilde;o corresponde ao seu sexo biol&oacute;gico e sabem que correm o risco de serem insultados ou mesmo agredidos&quot;, contou a psic&oacute;loga, que n&atilde;o consegue compreender as recentes cr&iacute;ticas ao diploma sobre o direito &agrave; autodetermina&ccedil;&atilde;o de g&eacute;nero nas escolas, aprovado este m&ecirc;s no parlamento.</p> <p>O diploma, que o partido Chega chegou a classificar de &quot;pol&iacute;tica de retrete&quot;, prev&ecirc;, entre outras medidas, que todos possam aceder &quot;&agrave;s casas de banho e balne&aacute;rios, assegurando o bem-estar de todos, procedendo-se &agrave;s adapta&ccedil;&otilde;es que se considerem necess&aacute;rias&quot;.</p> <p>Alguns deputados questionaram a seguran&ccedil;a dos alunos e nas redes sociais multiplicaram-se os discursos de &oacute;dio e medo: &quot;N&atilde;o s&atilde;o as outras crian&ccedil;as e jovens que est&atilde;o em risco, mas sim estas, que querem passar despercebidas. Mas sabe-se que s&atilde;o muitas vezes v&iacute;timas de &#39;bullying&#39;, de agress&otilde;es verbais e at&eacute; f&iacute;sicas&quot;, disse Ana Silva.</p> <p>Quando t&ecirc;m amigos, pode ser mais f&aacute;cil, mas nem por isso menos humilhante: &quot;Os amigos entram primeiro e veem se est&aacute; algu&eacute;m, depois ficam &agrave; porta a ver se aparece algu&eacute;m e s&oacute; saem quando lhes dizem que podem sair. N&atilde;o podem entrar em sair livremente como qualquer outra pessoa&quot;, explicou a psic&oacute;loga, com base em depoimentos de crian&ccedil;as e fam&iacute;lias.</p> <p>Mas h&aacute; casos de sucesso, como uma escola em Vila do Conde, que criou uma &quot;casa de banho sem g&eacute;nero&quot;,&nbsp;&agrave; semelhan&ccedil;a do que acontece nos avi&otilde;es ou em alguns restaurantes.</p> <p>Amanda, hoje com 18 anos, tamb&eacute;m ia a casa, porque ficava perto, mas desde sempre a escola de Beja, onde estudou, lhe abriu as portas das casas de banho dos professores.</p> <p>Numa terra pequena, de interior, em que toda a gente se conhece, o processo de transforma&ccedil;&atilde;o social foi &quot;super tranquilo&quot;, contou a m&atilde;e, e a aluna acabou por usar o wc das raparigas.</p> <p>O tema&nbsp;motivou pelo menos uma queixa em 2022 &agrave; Comiss&atilde;o Para a Cidadania e a Igualdade de G&eacute;nero (CIG), al&eacute;m de dois pedidos de informa&ccedil;&atilde;o sobre a utiliza&ccedil;&atilde;o de casas de banho e outro sobre a utiliza&ccedil;&atilde;o de balne&aacute;rios.</p> <p>Para as crian&ccedil;as, adolescentes e fam&iacute;lias com quem a Lusa falou &eacute; essencial a promulga&ccedil;&atilde;o do diploma que define as regras de como devem agir as escolas e que foi aprovado este m&ecirc;s no parlamento.</p> <p>Mesmo as fam&iacute;lias&nbsp;que sentiram&nbsp;o apoio da escola, como a de Amanda, apelam a Marcelo Rebelo de Sousa para que&nbsp;aprove a lei &quot;que vai ajudar muitos mi&uacute;dos que infelizmente frequentam escolas onde se continua a dizer &#39;se&#39; e &#39;mas&#39; para colocar entraves, quando se est&aacute; s&oacute; a falar de direitos humanos, nada mais&quot;.</p> <p>&nbsp;</p> <p>Fonte:&nbsp;https://www.noticiasaominuto.com/pais/2470813/alunos-trans-ficam-oito-horas-na-escola-sem-ir-a-casa-de-banho</p>

Tags:
Partilhar: