
Tonilson, 6 anos, era um menino bastante exigente com a mãe quando faltava o lanche para levar à escola. Sem a merenda escolar, contou a mãe, o menino ameaçava constantemente desistir de assistir às aulas.
Segundo Laurinda Caquesse, mãe de Tonilson, era preciso guardar sempre algum dinheiro para, no dia seguinte, comprar iogurte, sumo e a bolacha para levar à escola. "Só assim conseguimos dominar o Tonilson. Estes meninos não são como no nosso tempo que aceitávamos de tudo. Agora, até escolhem o lanche que vão levar para a escola", disse, aplaudindo a ideia da Administração Municipal de Cacuaco, que deixou de oferecer a merenda escolar para servir uma refeição quente nos estabelecimentos de ensino. Para a mãe de Tonilson, a medida chegou num bom momento e vai ajudar muitas famílias vulneráveis no município. Com a distribuição diária da refeição quente, Laurinda Caquesse disse que o aproveitamento escolar do filho melhorou e deixou de reclamar na hora de ir para a escola. "O Tonilson, por vezes, é que me tem acordado para lhe dar banho para ir à escola. O meu filho agora é um mimo e deixou de ser refilão”, contou a mãe, acrescentando que a professora disse que é, actualmente, um dos melhores alunos da sala. Alunos melhoraramassimilação dos conteúdos Balbina José, professora da Escola n.º 4017 Che Guevara, no bairro com o mesmo nome, reconheceu que, com a distribuição da refeição quente na escola, os alunos melhoraram a frequência e assimilação dos conteúdos. "Sinto-me alegre em ver a satisfação dos alunos em quererem aprender as lições. É uma grande satisfação trabalhar nesta escola”, contou a docente. Os alunos, descreveu, sacrificavam-se bastante para chegar à escola, porque alguns vivem distante, chegavam esgotados e por vezes sem comer. Convidada a comparar o actual nível de assimilação dos alunos antes e depois da oferta da merenda e da refeição escolar, Balbina José admitiu que, actualmente, apresentam-se melhor preparados devido à refeição quente servida na escola. "A assimilação está razoável, mas vamos procurar um auxílio junto dos pais e encarregados de educação para aumentar o nível de conhecimento para a formação dos nossos filhos", garantiu a docente. A professora Geraldina Lucala, que trabalha há quatro anos na mesma escola, no bairro Che Guevara, garantiu que, com a distribuição da refeição, o número de alunos aumentou na instituição. “Isto tem feito com que os nossos alunos frequentem às aulas com maior assiduidade, porque desde que foi implementada a merenda escolar o número de alunos tem aumentado”, contou, acrescentando que as refeições quentes têm ajudado bastante para o cumprimento do plano de aulas. Antes, descreveu, as salas de aula eram frequentadas por um número reduzido de alunos, porque tinham de percorrer grandes distâncias para chegar à escola, mas o quadro se alterou devido à implementação da merenda escolar e depois começou a ser servida a comida quente para os alunos, no tempo útil das aulas. "A merenda, ou seja, a refeição, tem sido um grande incentivo para as nossas crianças", garantiu Geraldina Lucala. A professora revelou que as refeições são servidas três vezes por semana nas escolas, nomeadamente às segundas, quartas e sextas-feiras. As refeições, prosseguiu, variam durante os dias da semana, onde são incluídos o arroz doce, papas, feijão, arroz, massa espaguete ou macarrão. Geraldina Lucala admitiu que com a alimentação para os alunos, o nível de aprendizagem progrediu. "Agora melhorou muito, porque com a alimentação dos meninos, o nível de aprendizagem aumentou bastante", garantiu a docente. Reconhecimento Para os professores contactados pelo Jornal de Angola, no município de Cacuaco, a medida da Administração Municipal de Cacuaco tem ajudado na assimilação e no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. "Alguns pais e encarregados de educação têm poucas possibilidades de dar um pequeno almoço em condições para os filhos e isto veio ajudar muitas famílias", concluiu uma das docentes. Eva Guilherme, aluna da 4.ª classe da Escola Che Guevara, pediu que a distribuição da alimentação se estendesse para todas as localidades, com o intuito de beneficiar, também, outras crianças. "Gosto muito desta escola. Agradeço imenso pela refeição que nos é oferecida todos os dias aqui na escola. Eu e os meus colegas agradecemos muito a direcção da escola. Não tenho muito para falar. Muito Obrigada", concluiu. Comida atrai os alunos A directora da Escola n.º 4013, Argentina Sanjambala, admitiu, também, que actualmente o número de alunos tem aumentado devido às refeições servidas na escola. "A comida tem atraído os alunos para a escola. Servimos a refeição escolar para todos os alunos. Então, faz com que as crianças tenham condições propícias para um melhor rendimento durante as aulas. Neste momento, estamos com um rendimento positivo dos alunos", esclareceu. O programa de refeições quentes beneficia 6.689 alunos de 13 escolas públicas do Ensino Primário no município de Cacuaco, província de Luanda, informou o director municipal da Educação de Cacuaco, Mateus Dala. As refeições são servidas três dias por semana, desde 2019, no lugar da merenda escolar. "Esta refeição é confeccionada nas cozinhas escolares. As nossas escolas que servem a alimentação possuem cozinhas escolares”, esclareceu, acrescentando que as instituições de ensino sem cozinha utilizam os refeitórios comunitários construídos no município. Em Cacuaco, disse, existem apenas duas instituições públicas que servem alimentação quente, nomeadamente as cozinhas escolares e as comunitárias. As cozinhas comunitárias, disse, são da responsabilidade da Direcção Municipal da Acção Social de Cacuaco e servem alimentação para todos aqueles que se apresentam com um prato e uma colher. “A refeição escolar serve, simplesmente para as crianças do Ensino Primário”, disse o responsável do sector da Educação, que apontou o programa como uma grande conquista para o município. Para o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP), declarou, a Administração Municipal recebe 25 milhões de kwanzas, que é repartido para todos os sectores sociais da localidade. O responsável revelou que deste montante são retirados três milhões de kwanzas para sustentar e manter em funcionamento as 13 cozinhas escolares, no município. Apesar de considerar insuficientes os valores, o director municipal admitiu que serve sempre para a manutenção nutricional das crianças.