Paulo Freire trata de temas que vão da alfabetização à reforma agrária em livro indispensável para compreender os obstáculos impostos à verdadeira justiça social.
Para Paulo Freire, estudar não pode ser sinônimo de uma repetição mecanizada de conteúdo. Seu método, em que alfabetizar é formar cidadãos, tem como norte sempre a ação concreta, a tomada de consciência, por parte da classe oprimida, de sua verdadeira condição.
Em Ação cultural para a liberdade e outros escritos, compilação de textos redigidos entre 1968 e 1974, Freire mostra por que, num período tão mecanicista, a verdadeira pedagogia é aquela que olha a todo momento para a expressividade do aluno, para o exercício de sua compreensão crítica da sociedade, e não para a sua acomodação. Afinal, diz ele, “que pode um trabalhador camponês ou um trabalhador urbano retirar de positivo para seu quefazer no mundo […] através de um trabalho de alfabetização em que se lhes diz, adocicadamente, que a asa é da ave ou que Eva viu a uva?”
O método freireano é, assim, um método de contribuição para o processo libertador do homem. Conhecedor do sentido profundo da palavra e buscando assimilar o mundo através de novas expressões, o aluno se torna capaz de transformar o que está ao seu redor e fazer cultura sabendo a extensão de seus atos.
O papel de Paulo Freire como educador, filósofo da educação e humanista é amplamente reconhecido no Brasil e no exterior, e sua obra é considerada imprescindível a todos os que se dedicam a ensinar. Diante da atualidade dos textos que compõem Ação cultural para a liberdade e outros escritos, não é difícil entender o porquê.
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Em 1963, em Angicos, interior do Rio Grande do Norte, trezentos trabalhadores rurais foram alfabetizados em apenas 40 horas, pelo método proposto por Paulo Freire. Esse foi o resultado do projeto-piloto do que seria o Programa Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, presidente que viria a ser deposto em março de 1964. Em outubro desse mesmo ano, Freire deixou o Brasil para proteger a própria vida. Apenas voltou a visitar o país em 1979, com a abertura democrática.
Ao longo de sua história, Paulo Freire recebeu mais de cem títulos de doutor honoris causa, de diversas universidades nacionais e estrangeiras, além de inúmeros prêmios, como Educação para a Paz, da Unesco, e Ordem do Mérito Cultural, do governo brasileiro. Integra o International Adult and Continuing Education Hall of Fame e o Reading Hall of Fame.